Visitas da Dy

sábado, 12 de setembro de 2015

Para acabar




Traçava seu próprio caminho
Que não cabia entre os limites que conhecia.
Por isso, extrapolava tudo o que podia,
Com urgências de fim do dia.
Com a necessidade do primeiro respirar.
Era feita de estradas sem fim,
Que tocavam a beira do horizonte,
Mas não tinham eiras ornamentais.
Era algo entre o que se quer e o que se tem,
Sem que se saiba explicar.
Era uma espécie de luz branca,
Cegueira iluminada das mariposas nos postes,
Que se debatem nas lâmpadas
Até que o dia escureça suas vistas.
Era um questionamento que emudecia,
Que calava toda a voz que se pretendia.
Era para ser grito, sentia-se grito,
Mas afogava-se no silêncio,
Como que envolta no canto de uma sereia,
Só que muda.
Desconhecia as medidas das dores
Não contava as vantagens das alegrias
Esperava ter sete vidas
E um milhão de explosões de cores
Agitadas, vivas, fortes, emancipadas
De toda e qualquer responsabilidade que ferisse o existir.
Só queria ser.
Só queria caber em seu querer
E o entender.
E se vestida de flores e se entendia que eram quereres.
Consertava o plural para ser mais justa:
Tinha asas para voar
E sentimentos para sentir,
Logo, quereres lhe cabiam muito bem.
Ser plural:
Coisa que vem no vento,
Coisa de quem é água,
Coisa de quem tem a força do fogo,
Coisa de quem gosta do cheiro da terra,
Coisa de quem desconhece o impossível,
Porque evita conhecê-lo.
Coisa de quem só olha nos olhos
Dos pares de olhos que escolheu para serem seus.
E os fita com tamanho amor,
Com tamanha admiração,
Com tamanho zelo,
Que os mantém como encantados, espelho,
Sem que pisquem,
Sem que se traduzam,
Sem que se cruzem na curva dos cílios no ar.
Vai saber os tantos segredos que ela confessou ao vento...
Vai saber as preces que alcançaram o céu...
Vai saber os tantos alvos invisíveis que omitiu...
Vai saber das insônias e dos sonhos,
Dos versos e dos inversos que padeceu...
Dos véus que usou dissimulada,
Das lágrimas que bebeu calada.
Vai saber desvendar o que ela guarda..
Talvez um dia acabe.
Talvez um dia a porta se abra,
Talvez um dia surja o toque da mão espalmada.
Talvez um dia se lance no mar e se lave
E entenda que a maré que leva os dissabores,
É a mesma que renova os amores.
Talvez um dia saiba mergulhar
E vai sonhar em outras praias,

Vai ser feliz como um anjo lhe prometeu.

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