Visitas da Dy

domingo, 13 de setembro de 2015

Afetos




em 13/09/2013



Se seus olhos escorregam sobre mim,
Se suas palavras me causam arrepios,
Se sua presença me enche de alegria,
São sinais de que fui afetada por seu afeto
Ah, esses afetos... de fato, nos tomam de assalto,
Nos enchem de alegria em um sobressalto

Canduras




Despertam-me canduras
Os risos alvos das crianças
Mais que puras, sinceras.
Evaporam-me as agruras
Quando renovo as esperanças.
Elevam-me onde não posso tocar
Cada pequeno gracejo
A tal ponto que não desejo
Outra coisa se não voar.
Loucura! Dirão os transeuntes!
Futilidades e perfumarias, apontarão alguns.
Por dentro, rirei de cada um
E cada vez mais:
Não sabem a riqueza de um riso tolo.
Não sabem a beleza por trás das asas.
Longe de um nome ou um rosto,
O que me dobras as esquinas do ser
São sentimentos.
É o abandono da o ofício de colecionaDOR
Que há muito exerci.
Esvaio-me, agora, em prosas soltas,
Com-VERSO
Livre de pretensões,
Livre e alado.
Folhas em branco e linhas bem traçadas:
Passaportes para o mundo que desconhecia,

Salvação que devolveu-me a alegria!

sábado, 12 de setembro de 2015

Lu(cide)z





Tantas sou, que diante do espelho é preciso escolher quem serei ao longo do dia.
Não se tratam de máscaras, mas de marcas que fazem parte de quem sou agora e de tudo o que sinto.
(Antes de qualquer coisa, trata-se das cicatrizes que vou expor por aí.)
Por vezes, sinto tanto e em profundidades tamanhas que não me reconheço, não caibo nem no reflexo nem na ideia que faço de mim mesma.
Há um quê de loucura? Eu prefiro chamar de excesso de lucidez que tenho para comigo e para o mundo que vejo. E ela me extravia de quem fui, afastando-me do que foi frio ou morno, levando-me a passos largos e firmes para tudo o que me faz febril.
Gosto quando as faces estão rubras. Gosto da sensação do sangue pulsando e correndo pelas veias. Gosto de ter os lábios quentes com a empolgação do desconhecido.
Não nego que muitas vezes a boca fica seca. O ar parece queimar. As palavras teimam em derreter na ponta da língua e voltam para dentro da boca. As ideias não saem. O sentimento não se dissipa no ar, não se mostra. As pernas desejam avançar, mas o querer ainda é pouco e elas estacam. É, então, como uma força oculta que me guia e me derrama sensações que desconheço e que recebo resiliente.
Diante do espelho, enquanto essas sensações, resultados de experimentações, desfilam diante de meus olhos e me impõem a escolha de um “eu”, consigo refletir e questiono-me se, de fato, sinto isso tudo ou se são delírios.
A voz que me responde é interior e clara: o poeta sente mesmo quando não o sabe e traduz o intangível em palavras. Toma a sua caneta. Rabisca o seu papel. E qualquer que seja o “eu” que escolher, escreva. Porque só se é e só se sente verdadeiramente quando o abandono do lugar comum acontece. Escreve. E sai, assim, do lugar cativo. Alça voos que seus olhos sonham e será plena de uma beleza imensuravelmente contagiante. Será poeta. Será verso.

Para acabar




Traçava seu próprio caminho
Que não cabia entre os limites que conhecia.
Por isso, extrapolava tudo o que podia,
Com urgências de fim do dia.
Com a necessidade do primeiro respirar.
Era feita de estradas sem fim,
Que tocavam a beira do horizonte,
Mas não tinham eiras ornamentais.
Era algo entre o que se quer e o que se tem,
Sem que se saiba explicar.
Era uma espécie de luz branca,
Cegueira iluminada das mariposas nos postes,
Que se debatem nas lâmpadas
Até que o dia escureça suas vistas.
Era um questionamento que emudecia,
Que calava toda a voz que se pretendia.
Era para ser grito, sentia-se grito,
Mas afogava-se no silêncio,
Como que envolta no canto de uma sereia,
Só que muda.
Desconhecia as medidas das dores
Não contava as vantagens das alegrias
Esperava ter sete vidas
E um milhão de explosões de cores
Agitadas, vivas, fortes, emancipadas
De toda e qualquer responsabilidade que ferisse o existir.
Só queria ser.
Só queria caber em seu querer
E o entender.
E se vestida de flores e se entendia que eram quereres.
Consertava o plural para ser mais justa:
Tinha asas para voar
E sentimentos para sentir,
Logo, quereres lhe cabiam muito bem.
Ser plural:
Coisa que vem no vento,
Coisa de quem é água,
Coisa de quem tem a força do fogo,
Coisa de quem gosta do cheiro da terra,
Coisa de quem desconhece o impossível,
Porque evita conhecê-lo.
Coisa de quem só olha nos olhos
Dos pares de olhos que escolheu para serem seus.
E os fita com tamanho amor,
Com tamanha admiração,
Com tamanho zelo,
Que os mantém como encantados, espelho,
Sem que pisquem,
Sem que se traduzam,
Sem que se cruzem na curva dos cílios no ar.
Vai saber os tantos segredos que ela confessou ao vento...
Vai saber as preces que alcançaram o céu...
Vai saber os tantos alvos invisíveis que omitiu...
Vai saber das insônias e dos sonhos,
Dos versos e dos inversos que padeceu...
Dos véus que usou dissimulada,
Das lágrimas que bebeu calada.
Vai saber desvendar o que ela guarda..
Talvez um dia acabe.
Talvez um dia a porta se abra,
Talvez um dia surja o toque da mão espalmada.
Talvez um dia se lance no mar e se lave
E entenda que a maré que leva os dissabores,
É a mesma que renova os amores.
Talvez um dia saiba mergulhar
E vai sonhar em outras praias,

Vai ser feliz como um anjo lhe prometeu.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Areias



Então, com a leveza do vento
Que ora soprava os cabelos da menina,
Ora agitava seu vestido
(o de festa e outros tantos),
Ela encheu suas mãos com areia e sonhos.
Ergueu castelos e mundos sem fundos.
Ergueu promessas de pé de ouvido.
Solidificou os sonhos em grãos mínimos,
Mas que juntos aceitavam ser moldados.
Eram castelos, eram desertos, eram mares, eram.
Existiam em si mesmos e por aquelas mãos
E deixavam de existir no próximo instante,
Voando com o vento.
O mesmo vento que os inspirava, os levava.
Grãos...
E a menina ria, e ia...
Seguia afundando os pés nas areias
E brincava de construir e desconstruir seus planos.
Era mais leve que o vento,
Era mais sonhos que a areia
Era mais dourada que o sol
Porque sabia sorrir.
Era sonhadora e caminhante
Em desertos que só existiam dentro dela.
Era bailarina de sua música interior
E gostava do vento no cabelo, no vestido
E dos pés na areia...
Esfinge que finge ser misteriosa
Nas areias tantas que poucos sabem moldar...


terça-feira, 8 de setembro de 2015

Descuidos




Das muitas coisas que são ditas
Outras tantas - e não poucas - ficam perdidas
Entre a minha boca e o seu ouvido,
Entre o que penso e o que não digo.
Há também as entrelinhas,
Cordas bambas sem rede em que nos equilibramos
E, cuidadosos, não nos lançamos.
Há tanto tempo, tantas idas, muitas vindas
Há papéis e planos e plantas e vinhas
E não enchemos taças de vinho
E não brindamos
E não somos
E não vamos
E fica o não como brinde
(Amostra grátis)
Dispensável, que não dispensamos.
(Des)cuidados que tomamos.