Visitas da Dy

domingo, 12 de julho de 2015

Nyx



Já não sei nada de rios ou de foz
E quando já não tenho voz,
Que me falte todo o resto:
A música, a mímica, o gesto.
Que me falte o ar, o paladar,
As contas, os contos, os pontos,
Mas que não me falte a consciência
Que mostra que sou pequena,
Bem menor que toda a verdade,
Bem menor que todo o silêncio.
Bem mais branca que o céu de julho
Que se despiu do azul
E mais parecia um grito calado
Do que uma paz alcançada.
Se eu não tiver palavras,
Se me faltarem as línguas,
Que eu ainda lembre dos gostos
Que eu ainda ouça, em mim,
Os gritos que permaneceram
Vivos feitos olhos noturnos
À beira de paisagens escondidas
Que eu soube reconhecer tão bem,
Com meus olhos que tateiam o escuro
Como as mãos tateiam o carinho
Nas margens da pele que se quer bem,
Na moldura do corpo que se deseja,

Nos sonhos que se tem de olhos abertos.

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