Já não sei nada de rios
ou de foz
E quando já não tenho
voz,
Que me falte todo o
resto:
A música, a mímica, o
gesto.
Que me falte o ar, o
paladar,
As contas, os contos, os
pontos,
Mas que não me falte a
consciência
Que mostra que sou
pequena,
Bem menor que toda a
verdade,
Bem menor que todo o
silêncio.
Bem mais branca que o
céu de julho
Que se despiu do azul
E mais parecia um grito
calado
Do que uma paz
alcançada.
Se eu não tiver
palavras,
Se me faltarem as
línguas,
Que eu ainda lembre dos
gostos
Que eu ainda ouça, em
mim,
Os gritos que
permaneceram
Vivos feitos olhos
noturnos
À beira de paisagens
escondidas
Que eu soube reconhecer
tão bem,
Com meus olhos que
tateiam o escuro
Como as mãos tateiam o
carinho
Nas margens da pele que
se quer bem,
Na moldura do corpo que
se deseja,
Nos sonhos que se tem de
olhos abertos.
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