Temo em usar a
máxima do “cada macaco no seu galho”. Pode ser que se levantem bandeiras contra
a simples frase, alegando dizer muito mais do que eu pensei. Em tempos de
bananas em estádios, de somos-todos-macacos, eu só quero mesmo dizer que
devemos cada um ocupar o seu espaço. Longe dos macacos reais ou dos tantos que nos
inventam.
Poderia usar
um “cada um no seu quadrado”, afinal, quero mesmo é falar das nossas
esquisitices particulares que cultivamos com tanta estima e que haja paciência
alheia para aguentar! Mas não teria o mesmo efeito. Talvez caiba bem um “cada
louco com sua mania”, já que todos flertamos com a loucura em dias mais
ferventes.
Cada um de nós
tem a sua própria coleção de manias e a minha é o gosto pelos fones de ouvido –
mesmo que não haja música tocando –, os livros espalhados, mesmo que não leia
todos ao mesmo tempo e o café, quente ou gelado, menos morno. Nada morno.
Há quem goste
de multidões. Há quem goste de solidões. Há quem goste de mares ou de desertos.
Há cidades povoadas ou abandonadas. Tem gente que é do dia, enquanto eu prefiro
a noite...
Por sermos assim
tão deliciosamente diferentes que vejo graça em cada uma das esquisitices
pessoais e as coleciono, observando de longe cada uma delas e seus donos, que ora
se mostram demais, ora se escondem. Seja lá por preservarem suas sombras, seja
por acharem que a luz os faça mal.
Seja lá quais
forem as nossas peculiaridades, lá no fundo o que somos é um teatro vazio, onde
nós, atores solitários, encenamos para uma plateia inexistente. Onde podemos
esquecer as falas e reinventá-las sem que ninguém nos aponte.
No fundo, por
mais estranhas que possam parecer cada uma de nossas atitudes, são todas barcos
a vela sem rumo em noites de lua crescente, onde pouco se vê diante dos olhos. E
como toda viagem precisa de uma trilha sonora, a viagem rumo ao nosso eu deve
ser embalada por um blues, daquele que toca sem ser percebido nas madrugadas,
mas que faria falta se calasse.
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