Visitas da Dy

terça-feira, 16 de julho de 2013

Sintonia



Tentei falar o que eu sentia
Mas a boca e a palavra
Não entraram em sintonia.
Lancei meu desejo no espaço:

Cabia tudo isso num abraço!

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Coração Parado



Geou... gelou.
O coração parou.
Era manhã de verão, mas parecia inverno.
Aconteceu de o coração parar.
Parou de se importar.
Não sem dores,
Aos poucos abrandou os amores.
Aprendeu a viver na distância,
Controlar sua inconstância.
Abriu-se um buraco no peito,
Sofreu como se não tivesse outro jeito.
E percebeu que não era de aço,
Desistiu de tanto cansaço.
Aos poucos ele parou,
O ritmo cessou.
Mas o corpo continuou vivo,
Enganando a todos, ativo.
Já não havia rostos por conhecer,
Nem ruas por percorrer,
Nem amor para visitar,
Nem calor para se esquentar.
Era só mais um coração que havia parado
No meio de seu curso, desolado:

Parado de se importar.

No sense


Certas situações me matam.
Seus olhos sobre mim me matam.
Sua voz me corre pela espinha:
E gela a alma, treme pernas e cala a boca.
Tens-me em suas mãos, presa aos seus dedos.
Não sei onde estou, e sequer sei onde gostaria de estar: apenas vou.
E não faz nenhum sentido.
São linhas soltas, labirintos mal desenhados,
Portas sem fechaduras, janelas sem vidros,
E eu perdida em tempestades de areia.
Não há palavras que expliquem.
Desejo uma vida que faça sentido,
Livrar de você os meus sentidos.
Quero de volta o direito de escolha
Que abri mão pela luz dos seus olhos.
Quero toda a lógica, beber da razão,
Brindar a ciência, o conhecimento,
Ter os pés no chão, tirar a cabeça da lua.
Solte-me a mão, livra-me os pés.
Deixa-me correr pra longe,
Para onde me perdendo, vou me achar.

Deixa-me um vão: preciso respirar!

Emaranhados




Então, quando chegar o fim da tarde de um domingo,

Escreverei nossos nomes na areia.

Pegarei todos os meus sonhos

E jogarei à brisa do parque,

Recitando meus desejos e vontades:

Que minhas mãos se prendam em seus dedos.

Que eles sejam como laços

(não os de fita, mas de ternura):

Bonitos, fortes e indissolúveis.
Que nossas mãos que se encontraram espalmadas
Se entrelacem e nossos dedos se percam
Pelos fios dos cabelos,
Pelos anos que vamos contar juntos,
Pelas páginas dos livros folheados,
Pelas músicas que serão tocadas,
Pelas promessas feitas e cumpridas,
Pelas listas de compras do mercado,
Pelos carinhos desmedidos,
Pelos sentimentos emaranhados
Que se desprendem de nós

E nos prendem, novamente, em nós mesmos.

Caminhantes



Éramos passantes comuns
No vai e vem dos dias,
No labirinto das horas.
Éramos estranhos para nós,
E cada um para si mesmo.
Nossas estradas seguiam e se cruzavam,
Mas atabalhoados não percebíamos.
Tínhamos planos parecidos,
Mãos dispostas, pés caminhantes,
Bagagens a serem divididas,
Mas não nos víamos.
Até que chegou a esquina dos encontros:
E nos topamos, nos olhamos.
Com a incerteza que mora em todo coração
Deixamos nossos passos próximos,
Nossas pegadas marcadas na estrada.
Pés que caminham juntos vão mais longe.
Estradas que se fundem são mais longas.
Caminhos partilhados são mais leves e bonitos:
Deve ser por isso que não vemos fim,
Porque seremos caminhantes-juntos

Até que o tempo pare de correr.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Janelas



Tenho um quarto só de janelas.
Eu as pintei sem tramelas.
Em cada uma desenho o que quero:
Todos os meus sonhos, com muito esmero.
Tenho uma preferida entre elas:
Enfeitei-a com estrelas,
Escrevi seu nome para vê-lo brilhar
Como brilham os meus olhos quando te vejo passar.
Observo a Via Láctea e seus pontos luminosos
Penso que são brilhantes, luxuosos,
Que usaria pra me enfeitar pra você,
Por mais que isso possa ser clichê.
Em outra tenho o sol, raiando entre nuvens de algodão.
Ele fica sempre ali, livrando-me da escuridão,
Renovando-me, trazendo a certeza
De que nessa vida há beleza.
Há uma janela quadrada,
Por onde pulo pra voar de madrugada.
Tem uma que é redonda,
Por onde vejo o mar desenhar sua onda.
Pelas minhas janelas colho rosa dos ventos,
Criam asas todos os meus pensamentos.
Que brincam nos pontos cardeais,
Não deixando meus dias iguais.
Minhas janelas são um remédio:
Livram-me de todo tédio,
Afastam as tristezas,
Trazem-me leveza.
Minhas janelas enfeitam a minha parede

E saciam-me o vazio, matam minha sede.

Pequenez


O ser que eu sou sente falta do ontem que não viveu
Sonha com caminhos que não vai andar.
Não porque as trilhas não existem,
Mas...

(talvez e, só talvez...)

...porque é fraco o seu querer.
Pensa que de tanto viver,
Já não vale a pena se arriscar.

(Seria essa uma alma pequena?)

Pensa que já passou seu tempo,

(Perdeu o bonde e já não adianta correr?)

Pensa que já se vestiu muito de dor
(E o violeta até lhe cai bem...)

E de tanto sofrer,
Passos já não ousa dar.
O ser que eu seu sente saudades do que nunca virá...


(Porque nem tudo o que está escrito se realizará)