*** E mexendo nos meus vários textos manuscritos, enquanto escolhia um pra ser postado encontrei esse aí,qeu na verdade são fragmentos soltos escritos numa travessia da barca, numa noite quente, mas que parecia que o tempo estava parado, sem vento, sem ação. Meu coração estava aflito, ainda não habituado às terras cariocas e confuso, muito confuso.
Parece não fazer sentido para qeum lê, mas faz sentido para mim, para meu coração e para tudo o que eu sentia naquele momento. Desconexo? Talvez! Confessional? Muito!***
E de tudo o que vivemos o que nos sobra é muito pouco. O que levamos é poeira de estrelas perto do espetáculo que o sol dá aos nossos olhos todas as manhãs.
Ser cometa é ser breve. Brilho, fogo, efemeridade. Acabou. O que sobrou? Lembrança.
Ter lembrança é reviver. Ter lembrança é saber que o brilho marca, o fogo queima e que o que passa pode sim ficar registrado, gravado na parede da casa-coração.
O que alegra a alma se descortina também como melancolia. Lembrar de tudo o que foi aperta o peito e nos faz pensar.
Cismei em comparar as pessoas aos astros, estrelas e satélites celestes. E percebi que somos muito parecidos com eles, ainda que no fundo ninguém seja o sol, embora aqueça nossos dias. Ninguém é só estrela ainda que traga brilho aos nossos olhos e também ninguém é só lua que brilha fria e só. Somos cometas rápidos, brincalhões e planetas, habitados por vários seres que se movem em nós, que dão vida e cor na nossa terra.
A chave dessa questão está bem aí: podemos ser breves, passar como um relâmpago na vida dos outros, trazendo beleza e espetáculo a quem nos vê passar,mas podemos ser planetas.
Podemos, devemos nos permitir marcar, nos permitir ter boas lembranças.
Estou aqui revisitando e repintando as paredes da casa-coração. Estou usando cores vivas e revendo vários momentos bons que tive e posso dizer que já vi vários cometas passarem, que não deixaram de me fazer sorrir,mas posso dizer que se não fui até hoje, quero ser uma pessoa-planeta, habitada e que habita em outros. Que cresce e ajuda a crescer.
Quero ser planeta que se permite, sobretudo, visitar o mundo da lua e caminhar acompanhada – ainda que de mim mesma – pela lua, ainda que essa caminhada se dê enquanto passeio pelo parque ou de metrô, porque se tenho o pé no chão, a cabeça está sempre lá na lua...
***Guanabara,29/03/2011***