Eu queria suas mãos em mim Fazer-me caminho de seus sonhos. Eu queria deitar em seu colo E imaginar um futuro. Eu queria construir planos fora do papel, Acordar sua, nua, invadida de amor. Eu queria que a noite fosse o que ela é: Lua, estrelas, segredos, desvarios. Mas, agora, a noite é metáfora sombria. Caio em seus braços aflita. Sua mão cala minha boca. Temos medo dos dias sem luz. Seu ombro é meu porto de lágrimas Desfaço-me ali aconchegada: Desterro minha subversão, Não nego a luta, Sofro por antecipação. Eu queria acordar e ser diferente, Mas diante das sombras bebo o temor. Segure-me até quando der Escorregue seus dedos em meus lábios Colha meu silêncio abafado: Ele será minha semente de flor. Que, como meu amor, a existência ousou.
Abandonei minhas tempestades Quando encontrei seus sorrisos-sóis Desde então, bebo a brisa de sua presença Sofro angústias de sua ausência: É quando sou levada por um delicado furacão De arrebatamento e saudades De lembranças quentes, arrepios tórridos. Fecho os olhos e recorro às noites Nelas transito entre os tempos E salto para o passado em que sou mais que perfeita: Tenho montanhas escaladas por sua língua Cavernas que lhe abrigam sob estrelas E de sua boca recebo sensações que mordem, Que invadem meus limites de dor e prazer Que inflamam meus desejos E os misturam com bem-querer. Se abro os olhos, volto a viver: Despeço-me de você Convivo com a falta. Deixo, então, os olhos fechados, Relembrando, revivendo, regozijando Os momentos que tive de puro renascer.
Alimento-me de suas palavras Que me causam arrepios e sensações. Preenchem-me de amor e desejo, Invadem meu peito e fazem morada. Respiro sua poesia. Ela adocica minha voz. Ouço sua poesia. Ela passa a fazer parte de meus poros. Vejo sua poesia. Ela alarga a beleza dos meus horizontes. Bebo de suas palavras. E imagino que é de sua boca que elas saem E imagino que é pelo seu corpo que elas correm E imagino que mesmo diante dessa fonte Eu jamais me saciaria Mas passaria a viver de poesia. *Do grego “poíesis”, gerou a palavra portuguesapoesia. Na e pela “poíesis” o próprioreal se destina no homem para que este o realize numaplenitude que o próprio real por si não realiza. Na e pela “poíesis”, o próprio real se constitui como linguagem, mundo, verdade, sentido, tempo e história, em qualquer cultura"
Aos avisos que me foram dados, Dei de ombros, Larguei pelos caminhos, Ignorados. Se não era pra seguir, Por que havia estrada ali? Fiz ouvidos de mercador, Não ouvi as conversas bizantinas, E cá estou: caminhante-teimosia. Se o precipício é sem fundo Talvez eu aprenda a voar. Se não, terei cacos pra ajuntar. O que não posso é recuar. Tenho ainda sonhos embalados por um realejo Tenho o arrepio na pele (dos desejos) E salto-alto-vermelho... Dizem que amor é queda-livre... Eu me jogo. Segura?!
...um espaço onde sem nenhum compromisso com nada além dos meus sentimentos e impressões vou colocando as palavras ordenadamente no papel... Quando começo não sei onde vou parar. Escrevo a primeira palavra e as outras vêm na sequência, como se tivessem vida própria!
Edylane é Edylane (ou Dy) desde 20 de novembro de 1984. Mineira, de Juiz de Fora, historiadora (UFJF), especialista em gestão de Patrimônio Cultural (Instituto Metodista Granbery), mestra em Educação (UFF), consultora em Patrimônio Cultural e pesquisas de campo sobre impactos culturais, ganhadora do Prêmio Amigo do Patrimônio (FUNALFA/2016), membro do Instituto Histórico e Geográfico de Juiz de Fora (IHG/JF), poeta, bailarina e mãe de Heitor. No caminho das palavras desde 2011, já escreveu para a Revista Biografia (2011-2017), Revista Replicante (México), site Ser ou Não Sei. Publica em vários zines do Rio de Janeiro e Minas. Venceu o I e II Concurso Nacional de Literatura de Belford Roxo (2018 e 2019).