Visitas da Dy

domingo, 30 de junho de 2019

Aconchego e luta


Eu queria suas mãos em mim
Fazer-me caminho de seus sonhos.
Eu queria deitar em seu colo
E imaginar um futuro.
Eu queria construir planos fora do papel,
Acordar sua, nua, invadida de amor.
Eu queria que a noite fosse o que ela é:
Lua, estrelas, segredos, desvarios.
Mas, agora, a noite é metáfora sombria.
Caio em seus braços aflita.
Sua mão cala minha boca.
Temos medo dos dias sem luz.
Seu ombro é meu porto de lágrimas
Desfaço-me ali aconchegada:
Desterro minha subversão,
Não nego a luta,
Sofro por antecipação.
Eu queria acordar e ser diferente,
Mas diante das sombras bebo o temor.
Segure-me até quando der
Escorregue seus dedos em meus lábios
Colha meu silêncio abafado:
Ele será minha semente de flor.
Que, como meu amor, a existência ousou.

domingo, 23 de junho de 2019

Pretérito perfeito




Abandonei minhas tempestades
Quando encontrei seus sorrisos-sóis
Desde então, bebo a brisa de sua presença
Sofro angústias de sua ausência:
É quando sou levada por um delicado furacão 
De arrebatamento e saudades
De lembranças quentes, arrepios tórridos.
Fecho os olhos e recorro às noites
Nelas transito entre os tempos
E salto para o passado em que sou mais que perfeita:
Tenho montanhas escaladas por sua língua
Cavernas que lhe abrigam sob estrelas
E de sua boca recebo sensações que mordem, 
Que invadem meus limites de dor e prazer
Que inflamam meus desejos 
E os misturam com bem-querer.
Se abro os olhos, volto a viver:
Despeço-me de você
Convivo com a falta.
Deixo, então, os olhos fechados, 
Relembrando, revivendo, regozijando 
Os momentos que tive de puro renascer.

Poíesis





Alimento-me de suas palavras
Que me causam arrepios e sensações.
Preenchem-me de amor e desejo,
Invadem meu peito e fazem morada.
Respiro sua poesia.
Ela adocica minha voz.
Ouço sua poesia.
Ela passa a fazer parte de meus poros.
Vejo sua poesia.
Ela alarga a beleza dos meus horizontes.
Bebo de suas palavras.
E imagino que é de sua boca que elas saem
E imagino que é pelo seu corpo que elas correm
E imagino que mesmo diante dessa fonte
Eu jamais me saciaria
Mas passaria a viver de poesia.

*Do grego “poíesis”, gerou a palavra portuguesapoesia. Na e pela “poíesis” o próprioreal se destina no homem para que este o realize numaplenitude que o próprio real por si não realiza. Na e pela “poíesis”, o próprio real se constitui como linguagem, mundo, verdade, sentido, tempo e história, em qualquer cultura" 

segunda-feira, 17 de junho de 2019

Teimosias




Aos avisos que me foram dados,
Dei de ombros,
Larguei pelos caminhos,
Ignorados.
Se não era pra seguir, 
Por que havia estrada ali? 
Fiz ouvidos de mercador,
Não ouvi as conversas bizantinas,
E cá estou: caminhante-teimosia.
Se o precipício é sem fundo
Talvez eu aprenda a voar.
Se não, terei cacos pra ajuntar.
O que não posso é recuar.
Tenho ainda sonhos embalados por um realejo
Tenho o arrepio na pele (dos desejos)
E salto-alto-vermelho...
Dizem que amor é queda-livre...
Eu me jogo.
Segura?!