Tenho olhos de água empoçada.
Tenho olhos de café que esfria
na xícara.
Tenho olhos que não viram sua
chegada
E agora temem sua partida.
Tenho olhos cujas bordas
margeiam sentimentos
Que tentam (ora) segurar e
(ora) substituir palavras
Tenho olhos que já tombaram
lágrimas ao chão,
(Rios de desilusão, veios de
sal e sol),
Olhos que já hastearam
tristezas brancas,
Que já se abandonaram em tardes
brandas,
Que já se traduziram em amores
tardios,
Que já verteram poesias opacas,
vadias, vazias.
Tenho olhos que refletem a lua
(Meia ou inteira, à míngua ou
cheia)
Como refletem a mim mesma.
Tenho olhos de espelho
Que, às vezes, não me mostram a
mim.
Tenho olhos que lhe gostam
anoitecendo, dormindo.
Olhos que lhe gostam, aurora,
bons-dias, despertando.
Olhos que lhe gostam
entardecendo, crescendo.
Tenho olhos que brilham nas
tempestades
Mais que ao sol do meio-dia
E que transbordam afetos
Mais do que as areias de um
deserto.
Tenho olhos que desafiam o
tempo, pedem pausa
E fazem de mim observadora das
voltas que o mundo dá.
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