Visitas da Dy

sábado, 14 de janeiro de 2017

Ísis




Tenho olhos de água empoçada.
Tenho olhos de café que esfria na xícara.
Tenho olhos que não viram sua chegada
E agora temem sua partida.
Tenho olhos cujas bordas margeiam sentimentos
Que tentam (ora) segurar e (ora) substituir palavras
Tenho olhos que já tombaram lágrimas ao chão,
(Rios de desilusão, veios de sal e sol),
Olhos que já hastearam tristezas brancas,
Que já se abandonaram em tardes brandas,
Que já se traduziram em amores tardios,
Que já verteram poesias opacas, vadias, vazias.
Tenho olhos que refletem a lua
(Meia ou inteira, à míngua ou cheia)
Como refletem a mim mesma.
Tenho olhos de espelho
Que, às vezes, não me mostram a mim.
Tenho olhos que lhe gostam anoitecendo, dormindo.
Olhos que lhe gostam, aurora, bons-dias, despertando.
Olhos que lhe gostam entardecendo, crescendo.
Tenho olhos que brilham nas tempestades
Mais que ao sol do meio-dia
E que transbordam afetos
Mais do que as areias de um deserto.
Tenho olhos que desafiam o tempo, pedem pausa

E fazem de mim observadora das voltas que o mundo dá.

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