Visitas da Dy

domingo, 2 de outubro de 2016

Templo




(Foto: templo de Diana, Évora, vista da janela lateral do Palácio Episcopal, por Dy Eiterer, janeiro de 2016)
 
Da janela lateral,
Não era um quarto de dormir,
Mas grades que prendiam,
Há séculos, sonhos.
Entre as barras firmes,
Os olhos que resistiam
Chegavam ao Templo
E, aquilo que a boca não podia dizer,
Os olhos suplicavam à Diana:
Eram saudades
Da liberdade selvagem ancestral.
Escapavam pelas frestas
Da Casa Paroquial
preces pagãs
De um sentimento original.
Pouco importa se cabe ao corpo o açoite.
A alma é livre e dança ali nas ruínas.
Ouço seus ecos.
Ouço seu melodia.
Acolho em minha retina,
Em minhas lentes,
A visão mais bela,
Mais sofrida,
Mais real do tempo que passou,
Mas que ainda permanece.

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