O mundo parece-me uma jaula.
Para todos os lados que olho,
paredes.
O ar está pesado e sufoca-me.
Noite à dentro vagueio becos de
poesias,
Esbarro em rimas no meio do caminho
E, errante, não chego a lugar algum.
Com a morte anunciada das sombras
Abro as janelas e cortinas para a luz
entrar
O sol, alucinado, queima tudo o que
toca.
Queima minhas palavras noturnas.
Queima seu sorriso no retrato.
Queima minha pele seminua.
Queima as horas, fim dos dias.
E é cada vez mais clara a passagem do
tempo.
E é cada vez mais ritmada a dança do
fim.
Todos já sabemos que o mundo nos
oprime,
Que ele nos aperta e encolhe,
Que aos poucos nos engole,
E, ainda assim, lutamos pela vida.
Pela sobrevida de fincar uma raiz.
A mim, pela palavra, cabe o luto e
luto:
Tento deixar a morte alheia ao que
sou,
Fora desse ciclo da existência.
Respiro melhor assim.
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