Lá se vai o primeiro mês do ano. E já anunciando o seu fim vem o dia da
saudade.
Todo dia 30 de janeiro a mesma coisa: as pessoas parecem amanhecer mais
saudosas. Haja vista os vários recados, mensagens, fotos, músicas e poesias que
pairam no ar.
Eu não gosto da idéia da saudade ter um dia só pra ela. Pelo menos a
minha saudade é teimosa, muito teimosa: cisma em não se deter apenas no seu dia
e me acompanha por todo ano, todos os dias.
Tenho saudades de pessoas, de amores, de sorvetes que tomei na infância,
de parque de diversões durante a aula da faculdade que matei. Tenho saudades
dos vinhos que não bebi porque não podia me atrasar. Tenho saudades de contar
estrelas ou adivinhar desenhos nas nuvens.
A minha saudade se arrasta pelo ano todo. Não me deixa, não me larga. A minha
saudade é como uma tatuagem em lugar escondido: não deixo ninguém ver, mas ela
sempre está lá.
Às vezes eu tenho muitas saudades do ontem, de tudo o que passou e que
não vou ter de novo. Às vezes a saudade é daquelas que eu sei que vou matar
afogada num sorriso ou bem apertada num abraço – e acho essas as melhores! Sou
uma assassina de mão cheia: adoro matar saudades apertadas em abraços longos,
que deixam cheiro de perfume na blusa, só pra gente ter mais um motivo de
saudade depois!
Às vezes acordo com saudades do dia de amanhã e das coisas que ainda nem
vivi, mas que sei que vão marcar e que vão me deixar com saudades.
Acho que ter saudades vai além de só uma sensação: já é um estado
natural, no qual vivo imersa e gosto porque traz uma dorzinha chata como
espinho no pé, mas também traz a certeza de que tive muitos momentos felizes e
pessoas importantes nos meus caminhos.
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