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quinta-feira, 14 de março de 2019

Marcas (Epitélio)




Então, despida, só terei no corpo as marcas que se tornaram naturais. Meu símbolo preferido exposto. Cru. Sem explicações. Apenas ele, compondo minhas complexas fases, reverberando parte do que acredito. Ora amuleto da sorte, ora lembrança do que fui, sempre sinal de minhas escolhas.
Não terei muito mais do que olhares e entrega. Palma da mão estendida, olho aberto, espera... A boca semi-calada, bebendo suspiros. Ouvidos atentos, colhendo frases como mãos em concha cheias de areia.
Serei eu, envolvida nos escuros de meia-noite, a guardar meus segredos, a ser silhueta, pronta para desfazer-me em suas pontas de lança, que, pela aveludada confiança, podem matar-me em afogamentos de desejos?
Serei eu o alvo da seta?
Serei?
Sou, pouco mais do que posso, esse quê de liberdade e fantasia, de sonhos e feituras, de querer-me bem, mais do que a você, mas ainda lhe quero.

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