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segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Cabeceira




É porque perco-me em seus olhos
Que mordo as palavras.
Mordo as línguas,
As várias que poderia usar.
Mordo a rotina,
Ponho-me a versar.
Já não há saída, nem ruas, nem portas.
Já não há sinais ou placas ou pontes.
Há um caminho escondido, que não sei encontrar.
É porque me acho perdida, que vago.
Encontro-me nos vãos-versos que preenchem a cidade.
Vadios pensamentos soltos, loucos em pé de vento.
Vendaval de sonhos, redemoinhos de canções
E minha cabeça gira, turbilhão.
Não dói porque engulo a dor,
Mas roda pelo céu, pelas estações.
É de fases, é lunar com brilhos estelares.
É pesada de solidões remotas,
Amparada em ecos ancestrais.
Cabem-me as horas, que conto a gotas,
Recostada na cabeceira,
Enquanto folheio livros:
Romances inventados,
Bonitos pela inexistência.
Reais pela fantasia.

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