Numa dessas
tardes meio cinzentas em que se toma um banho de chuva e se lava a alma dos
problemas, sentido as gotas caírem leves no rosto e escorregarem lentamente da
testa ao queixo muitas coisas boas podem acontecer... muitos bons temas de
conversa podem surgir.
Se o passeio
pela chuva se dá depois de uma sessão de cinema e rumo a um café com amigos pra
lá de especiais as inspirações são muitas.
Dessa vez a
inspiração veio de uma personagem do filme CAIRO 678, recém-assistido. Falha-me
a memória com relação ao nome da moça do filme, mas acredito que seja Seba. Em um
momento delicado de sua vida, a mulher, muito bonita, se vê diante do homem que
ama(va) e ao dizer um “eu te amo” recebe como resposta um “eu também”.
“Eu também”...
putz! Tanta coisa pra dizer e o cara me manda isso!
Acredito que
essa frase tenha valores diferentes para homens e mulheres. Quando dizemos um “eu
te amo”, caros homens, não esperamos um “eu também” como resposta... e nem
necessariamente esperamos um “eu te amo”. Esperamos uma resposta sincera. Claro,
que se resolverem declarar que nos amam vamos explodir de felicidade, mas se
for só um “você é especial”, tudo bem! (de verdade!)... já é um sinal de que
estamos no caminho certo!
“Eu também”,
em tese, teria o mesmo significado do “eu te amo” no contexto de um diálogo
curto do tipo:
– Eu te amo!
– Eu também!
Simples, não
é? Não!!! Eu também acho que não! Na verdade, o significado nesse caso é o
mesmo, como em outros casos, mas o que está em jogo aqui é o VALOR da frase, a
densidade, talvez!
Quando eu digo
que amo alguém é porque amo mesmo. Não espero que saia um “eu também” da boca
de quem me refiro. Acho que a reciprocidade seria ótima, mas quando a gente
ama, ama e pronto. Se não tem nada pra falar, dê-me um sorriso. “Eu também”,
não é resposta!
“Eu também”,
embora queira sinalizar para o mesmo significado não tem o mesmo valor e chega
a ser frustrante. Dá uma sensação de obrigação na resposta! Não quero que me deem
uma resposta como obrigação, como um insosso “oicomovai, tudobem!”. Isso eu já
tenho aos montes pelas ruas nas quais circulo. Quero palavras que mexam comigo,
com minhas estruturas.
Um “eu te amo”
dito quando se olha nos olhos, se for sincero, acaba com qualquer estabilidade
de uma pessoa, ao contrário de um “eu também” que nos joga um balde de água
gelada, endurece o coração, chego a escutar o barulho dos cubos de gelo caindo no
chão ao final da frase curta, mas devastadora...
Não me
respondam com um “eu também”! Respondam-me com sorrisos e abraços e café e
atenção, mas não quero saber de mera concordância com o que digo. Quero palavras
bem ditas, sentidas, quentes como o calor dos sentimentos. De frio já me basta o
vento que corta os becos da cidade pelas madrugadas...
Acho que pra encerrar esse post vale a pena ouvir uma banda que
embalou minha infância e adolescência (sim, eu cresci ouvindo!): Legião Urbana
e sua clássica pergunta “E hoje em dia, como é que se diz ‘eu te amo?’”!
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