Visitas da Dy

sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Exposição

 




(Dy Eiterer, em 02/12/22, para Ticha Mourão)


Eu vi uma ideia nascendo,

parada no meio da tarde, 

Entre rabiscos, entre palavras.

Um monte de ideias soltas,

Várias mentes fervilhantes, borbulhantes. 

Eu vi uma ideia nascendo, eu vi uma ideia tomando forma,

Se transformando em palavras,

Se transformando em recortes,

Se transformando em caminhos de saberes,

Mas, ao mesmo tempo, labirintos de fazeres:

Qual o próximo passo? 

Como realizar tudo isso que a alma sonha,

Mas as mãos não sabem construir?

Ah, mas há mãos que se encontram...

Há mãos que constroem! 

Eu vi uma ideia se transformando, 

Ganhando forma, ganhando beleza,

Sendo um caminho percorrido pelos olhos

 E não apenas pelos pés. 

Eu vi uma ideia se transformando em realidade, Em história, em vida.

Tudo aquilo que é sonhado com almas caprichosas

(e disponíveis a fazer)

Se torna material, 

Encanta quem acompanha a sua transformação e criação.

Eu vi uma ideia se transformar em arte!

domingo, 22 de maio de 2022

Véu de nuvens

 






Habitam os céus, os sonhos de toda gente,

As preces feitas em prantos,

As vozes em glórias e festas.

Habitam os céus, os sussurros dos que amam

E sob os olhos dos que ousam,

Rasgam-se as nuvens em rara beleza:

Selam-se destinos, lábios e corpos

Escrevem nas peles seus segredos

Só o luar prateado entende os olhos noturnos

Pois é neles a sua morada

E só deles nascem desafios e promessas.

Habitam os céus, os suspiros dos poetas

E rasgam-se na terra o ventre-verso,

Verbo apaixonado por ela,

A lua cintilante

Que hoje se esconde sob seu véu de nuvens,

Mas povoa pensamentos.

terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Sobre semear a mãe ao solo



(Dy Eiterer, 04/01/22, pelo falecimento de Edna-mãe)




3:45h da manhã e o silêncio é parido das entranhas. 

Entregue a partir de um suspiro.
Serenidade é uma boa definição, já que a morte deslizou pulmões à fora e se petrificou no corpo com uma mansidão terna e uma intimidade de velha amiga, que já conhecia o caminho.
E, talvez, a morte se sentisse mesmo em casa já que havia sido anunciada num por-do-sol que não aconteceu porque chovia. De aconchegante só o abraço que embrulhou a notícia.
A morte veio como amiga trazer um tanto de conforto, um tanto de descanso, outro tanto de alívio e, por fim, a paz.
Estou feliz e dói. E por mais que pareça um paradoxo a morte me trouxe uma dose (pequena ou tranquila) de felicidade. Não a felicidade de uma festa. Mas a felicidade do dever cumprido e da entrega.
A morte não veio ceifadora. Ao contrário, ela veio semeadora. E, hoje, a árvore que sou se orgulha do fruto que tenho e coloco um pouco mais fundo, na terra, a raiz que me sustentou e nutriu até aqui.
Semeei meu tanto de amor-primeiro no seio da terra.
A morte me trouxe a alegria da entrega: a certeza de que o caminho foi percorrido e o de que o fim é certo.
Estou feliz e dói. Feliz porque cumpri meu papel amoroso até a suavidade do último suspiro. Dói porque o peito fica oco e quando venta seu nome só há o eco do passado.
Ainda vou me acostumar com a sua falta. Mas era tempo e hora. E agora me renasce em prosa com ritmo de poesia.
A morte pode ser uma alegria: um amanhecer de fé e autoconhecimento, uma metáfora ou uma experiência. Pra mim e pra você foi serena e linda. E agora, eterna. Já que a fiz poesia.