Visitas da Dy

sábado, 21 de novembro de 2020

Em minhas mãos

 



Sonhei que (re)pousava em seu peito

E, assustada, duvidava da sorte.

Sim, sorte. Das grandes:

Café, livro, seu cheiro,

Um bocado de conversa,

Outro tanto de atenção

E muitas horas passadas

Até eu quase me cansar.

E duvidei da existência desse dia.

Talvez eu não saiba amar

Porque ainda me pergunto

Se ali era mesmo pra eu estar.

Acordei com a agonia dos poetas

Que traduzem-se em versos

E escrevi você entre meus dedos

Pra ver se deixava de duvidar.

Por um momento você estava em minhas mãos.

domingo, 15 de novembro de 2020

Portais

 



(Poema premiado em segundo lugar no I Concurso de Poesia do Museu Mariano Procópio, Juiz de Fora, novembro de 2020)


Eis que portais se abrem.

Paredes sustentam o passado,

Acolhem o presente, 

Como fiandeiras incansáveis

Que falam ao futuro.

As memórias ecoam vivas,

Coloridas, em formas e traços

E fazem a magia do encanto,

Do espanto, do saber:

A História desce sobre nós,

Faz do museu o seu templo,

Faz dos homens um novelo

E os amarra em narrativas,

Tão próximas que quase tocamos.

Tão nossas e deles e dos que virão

Como se pudesse não existir o tempo.

Eis que portais se abrem 

Em mostra ou exposição,

Memórias. Construção.

Pedra. Cal. Tinta. Som. Arte.

O fio segue pelo tempo. 

Além do tempo.

Ignora os séculos.

Tudo é saber.



sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Dúvidas






Eu queria ler todos os seus livros

E caber em cada um de seus poemas.

Morar na sua estante como traça devoradora

E não como um sorriso estanque.

Eu queria saber fazer pausas e respirar.

Queria saber bons modos,

Usar cor de rosa e evitar discussões.

Queria ser aquela obediência morna.

Mas, é que eu gosto muito de abrir cervejas,

Afogar-me no vinho

E, quando dá, acordar ao meio-dia.

E eu não sei se isso combina com sua poesia.

E eu não sei se isso o assusta ou fascina.

Mas, é que eu bebi liberdade

E tomei um porre de ventania.

É que eu gosto de vestidos 

Tão curtos quanto minha paciência

E não me demoro onde não caibo.

Então, me diz onde é que eu fico.

Onde é que eu fico nessa história?

Por ora, estou suspensa.

Nem sei ao certo se existo.