A despeito das
velocidades que saltam os relógios, nesse momento, com todas as calmas que já
pairaram sobre essa terra, eu colheria seus beijos, frutas saborosas de toda (e
nenhuma) estação específica.
Para além de
toda beleza que é contemplar o mundo através de seus olhos, eu atravessaria
longo tempo com os meus fechados, recebendo o acarinhar de seus lábios,
enxergando as sutilezas do toque e as quenturas próprias de um verão que teima
em arder em pleno inverno.
Sendo o mundo
um vasto emaranhado de rumos, um descanso certo sob árvores ainda seria pouco
se em seus abraços eu encontrasse pouso, ainda que rápido, ainda que vadio,
porque conforta-me e fortalece-me o envolver de seus braços, assim como
renova-me o deitar sobre seu peito, casa minha.
Ainda que os
versos fossem muitos, faltariam definições para o que vejo e o que sonho, mas
toda tentativa seria justa, se não, esforço, de beirar a realidade
inalcançável, prece nossa de todo o dia, quereres nossos de todo dia, vãos nossos
em busca de sentidos todos os dias.
Estando eu na
condição de amante do intangível, aprendiz dos segredos de Nix e Eros, colheria
não só seus beijos, abraços e sonhos, mas a sua imagem refletida na borda de
meus olhos, definição perfeita do inesperado: se me salta e abandona, choro. Se
me fica e cativa, rendo-me. De resto, não sei o
que fazer.