Mudam-se os dias.
As areias movem-se.
Ao sabor do vento,
Tecem-se as histórias
E sou a tinta que molha a pena.
E sou a palavra que tatua o papel.
E sou a flecha que enverga o arco.
Sou os pés do caminhante que erra.
Sou a busca das incertezas,
O não saber onde vai dar.
O próximo passo do labirinto
Com ares de primavera,
Mas o frescor é outonal.
Perco-me pelas estações do ano
Como me perco nas estações de trem:
Por onde ando?
As esquinas não me são mais
familiares
Quanto as largas avenidas, boulevares.
Por onde ando?
Sou rio sinuoso, sem caminho descrito
Com deságue conhecido, mas distante
Por quanto tempo andarei?
E o tempo passa...
Escorre por mim como eu por ele
Não nos apressamos, nem nos prendemos
Aprendemos. E seguimos.
E as estações passam
São paisagens nas janelas.
Contemplo as passagens
Sou, então, a flecha que foi lançada
Alcançar o alvo não importa
Voar é mais libertador. Voo.
Marco o papel com minhas impressões:
Sou memórias.
Emaranhado de histórias.