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quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Náufrago



Em noites sem lua, olhava o céu.
Em noite de lua alta, sonhava, à deriva, no mesmo céu.
Em pleno dia, perdia-se no azul do céu.
Fugia de tudo aquilo que amedrontava.
Corria das vozes tumultuadas.
Molhava os pés nas ondas do mar
E contava as estrelas
(cadentes, que foram morar na praia)
Embriagava-se com o vai e vem das marés.
Era, na verdade, um náufrago
No céu, que era o mar às avessas
Acidentalmente sobre a sua cabeça.
Onde as ideias velejam
De ponta-cabeça, tranquilas,
Ao sabor do vento das vontades,
Como se fossem um quadro surreal.
Como se o chão fosse cama aconchegante
Para as sementes de sonhos brotarem.
Era náufrago em si mesmo
Porque não queria remar
Nem na mesma direção que os outros
Nem contra a corrente.
Queria (um) ser
Ainda que isolado.

E o céu-mar lhe dava essa possibilidade.

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