Visitas da Dy

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Desamor




Engana-se quem pensa
Que esse é um poema de amor
Na verdade ele é de desamor,
Desalinho,
Desapego.

Desobediência...

Jurei não escrever,
A caneta teimou.
Os sentimentos parecem ter vida própria
E riem de toda dor
E do que ela causa.
Ah, a dor...
Rainha de gelo
Que ri dos corações atordoados.
Se fosse falar de amor
Traria no cabelo, antes, um ramo de flor.
Mas acabou-se a primavera
Foi-se embora o ardor
E só vi seu vulto pela janela
Por todo desconforto que causou
Essa ausência, essa mágoa
Viro um pequeno passarinho
Desapego-me de você em forma de canto
Mais bonito e mais leve do que qualquer pranto.
Mais desobedientes que as lágrimas
Só meus pensamentos,
Teimosos, tinhosos, velozes:
Pisco os olhos e ele voa
Não sei pra onde,
Tenta encontrar algo entre ruas, rios e fontes...

terça-feira, 24 de julho de 2012

Síntese




Ah, e não me venha com suas análises sobre mim.
Cansa-me essa sua busca pelos meus pontos fracos.
Se de perto ninguém é normal,
O que o faz pensar que eu seria?
Não me olhe como quem procura deslizes...
Não é preciso mais do que um olhar superficial  para notar minhas cicatrizes.
Aqui fora posso ser de pedra, forte, inabalável,
Mas aqui dentro, onde só eu sei o que tem,
Onde só eu convivo, sou de pó, frágil e insegura.
Porque a alma é corroída de ciúmes,
Porque com a vida sou exigente,
Porque carrego a insegurança e a incerteza,
Porque escorrego pelos dedos de quem tenta segurar.
Ser escorregadia às vezes é bom, dá um tom descontraído,
Às vezes é ruim, deixa vestígios de solidão.
Para cada caminho, um sonho,
Para cada descaminho, uma marca,
Para cada dia, um aprendizado.
E para cada passo uma nova estrada,
Uma nova escolha, uma nova indecisão
E a grande questão: será que era o mais certo?
O que mata na escolha é o caminho que se deixa pra trás.
O que embala meus dias é a incerteza da certeza que tenho,
O paradoxo que vivo e revivo a cada instante.
Se continuar a fazer suas análises sobre mim, desiste.
É tempo ainda.
Entender quem se quer se entende é perder tempo.
É soprar um dente de leão, que se desfaz leve ao vento.
É fatiar um coração, ver escorrer seu sangue
E perceber que o sentimento era o que pulsava,
O que ousava dar a vida
E não só aquilo que se via.