Engana-se quem pensa
Que esse é um poema de amor
Na verdade ele é de desamor,
Desalinho,
Desapego.
Desobediência...
Jurei não escrever,
A caneta teimou.
Os sentimentos parecem ter vida própria
E riem de toda dor
E do que ela causa.
Ah, a dor...
Rainha de gelo
Que ri dos corações atordoados.
Se fosse falar de amor
Traria no cabelo, antes, um ramo de flor.
Mas acabou-se a primavera
Foi-se embora o ardor
E só vi seu vulto pela janela
Por todo desconforto que causou
Essa ausência, essa mágoa
Viro um pequeno passarinho
Desapego-me de você em forma de canto
Mais bonito e mais leve do que qualquer
pranto.
Mais desobedientes que as lágrimas
Só meus pensamentos,
Teimosos, tinhosos, velozes:
Pisco os olhos e ele voa
Não sei pra onde,
Tenta encontrar algo entre ruas, rios e
fontes...