Visitas da Dy

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Daqui, Dalí

Tudo bem. Já passam da primeira hora dessa madrugada e ainda não consegui pregar os olhos. Reviro-me nessa cama de um lado a outro e não consigo chegar a um acordo muito simples comigo mesma: preciso dormir.
Na prática é tudo muito fácil: estou cansada e a lógica deveria ser a mesma de sempre – deitar, fechar os olhos e dormir.
Acho que não é tão fácil.
Sinto-me perdida como a Alice, mas o meu país não é necessariamente o das maravilhas. Contento-me em chama-lo de o fantástico Mundo da Dy.
Nesse meu mundinho estou às voltas com algumas questões sobre mim e minhas posturas que me inquietam: penso que tomei algumas atitudes que não são lá o que eu faria há alguns meses atrás.
Tenho feito coisas que nunca imaginei que faria e algumas outras que até condenaria – e condenava e ainda acho errado – mas, apesar de achar que está tudo errado o coração não se arrepende.
Vivo uma autêtinca batalha entre razão e coração.
A cidade maravilhosa me faz ser diferente, mas por vezes o pensamento que eu trouxe comigo lá das terras montanhosas insistem em bater à minha porta.
Não sei o que fazer, como pensar e nem como será o próximo passo. Isso me tira o sono. Que não sou previsível nem sempre foi uma verdade, mas que tenho me tornado assim a cada dia é fato.
Nada de fazer os caminhos de sempre, de ir aos mesmo lugares, nada de ser muito igual ao resto do mundo e muito menos de ter opiniões dentro desses padrões. Acho que aqui tenho mesmo é saído ainda mais dos padrões ou do meu “não-padrão” já estabelecido há muito tempo.
A minha inconstância aumentou em algumas coisas, a opinião formada se desfez em casos em que eu já dava por encerrado e novos olhares se estabeleceram diante de novos olhos – talvez seja isso, novos olhos!
Ainda penso muito em como alguém pode mudar sem necessariamente mudar. Em como posso sentir culpa sem arrependimento, em como posso quebrar as minhas próprias regras, quando achava que eu não me colocava regra nenhuma.
Tenho pensamentos surreais nesse momento.
A cabeça gira num quadro de Dali, borboletas batem asas entre as minhas ideias e as deslocam de seus lugares originais. O que eu pensava ser certo já não tem tanta importância. O que tinha certeza que era errado virou detalhe que pode ser desprezado, sem que faça a menor diferença.
Mas… os detalhes deveriam fazer toda a diferença! Mas isso foi antes… agora, detalhes são só pequenas partes de nós mesmos que podem ficar um pouco de lado enquanto o pensameno cria novas asas e sai voando com as mesmas borboletas que os bagunçaram e olham, com seus novos olhos esse meu fantástico mundinho.
Para ser Alice falta pouco: tenho um mundo próprio, falo sozinha, danço no escuro, não durmo à noite, fiz da minha casa um jardim de lírios e a melhor de todas: preciso ir pra algum lugar que não sei onde é e, então, qualquer caminho serve… só falta me encontrar com Cheshire por aí – aliás, acabei comprando esse livro, o “Alice no país das Maravilhas” pra mim e descobri que tenho muito da pequena Alice.
Acho que resumindo a ópera não consigo dormir porque tenho a impressão de que o bom e velho Heráclito sempre vem me dizer a sua filosofia mais do que verdadeira de que “O mesmo homem não pode atravessar o mesmo rio, porque o homem de ontem não é o mesmo homem, nem o rio de ontem é o mesmo do hoje". O mito do rio só se fez mais claro pra mim quando me encontrei no Rio? Ah, não pode ser! Já cansei de falar sobre isso nas salas de aula! Como podia não entrar em crise lá naqueles tempos e agora perder o sono por uma proposição que foi feita no século VI a. C em Éfeso? Não faz o menor sentido. E nada já faz sentido.
Ai, como eu queria ser a moça do quadro de Dali… cujos cabelos são cachoeira e por onde os pensamentos que ousassem impotuna-la se iriam corrente abaixo… e o seu rio de pensamentos seria sempre o mesmo sendo diferente, numa constância inconstante…
Quem me dera eu ter a solução para os porblemas de todos que me pedem ajuda…
Quem em dera eu saber resolver todas as minhas próprias questões, sanar as minhas próprias demandas…
Enquanto não posso fazer nem uma coisa, nem outra, resta-me revirar na cama numa noite quente nas terras cariocas, buscando aquietar o espírito e  coração, buscando o tal do equilíbrio que nunca encontro, já que vivo nos extremos sempre…
Oh, noite quente de céu cheio de nuvens, se não me deixa ver as estrelas porque então não me deixa ao menos dormir pra sonhar com elas? Pelo menos no mundo dos sonhos corro pelas nuvens, escorrego entre as estrelas e posso caminhar lá onde fico sempre com a cabeça: a lua…
O jeito é tomar chá de morango, ouvir uma boa música e esperar o sono chegar… tomara que ele não demore!



Boa noite pra quem é da noite!
Bom dia pra quem é do dia!

Baci,
Dy.

6 Comentários:

Ive Cristine disse...

Lindo,lindo,lindo!

Dy Eiterer disse...

Oh, Ive!
Obrigada!
Assim eu fico vermelha! rs
Tenho tido muitas inquietações nas últimas semanas que me tiram o sono e só consigo dormir depois que escrevo. parece que alivia um pouco...
Obrigada pela visita e pelo elogio!
beijo, querida!

Anônimo disse...

Dy,maravilhoso! É isso que sinto hoje nessa noite de insônia. Queria poder resolver todos os problemas do mundo... e ainda de quebra resolver os meus.
Beijos linda. Z

Dy Eiterer disse...

É, linda z...
acho que junto com a lua crescente que quase não aparecia nos céus cariocas crescia também nossas preocupações... e cresceram tanto que tomaram nosso lugar na cama...
E parece que tem mais gente que se sente assim pelas madrugadas...
Ai, que sensação de estranheza que me deu essa noite...
O conforto é que tem algumas pessoas se identificando, o que mostra que não sou a única Alice perdida nesse país de muitas maravilhas, mas de muitos conflitos...

beijos,
dy

Fred Nazareth disse...

É muito bom ler um texto que com inteligência e poesia retrata de forma tão bonita uma situação comum a tantos nas madrugadas. Parabéns moça.

Dy Eiterer disse...

Obrigada, Fred!
Coisa boa é ver que tem cada vez mais gente vindo aqui e gostando, embora isso me assuste um pouco...

beijoooooooooo

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