Os olhos embaçados
A boca quase seca
O corpo curvado
Calo tudo o que eu gostaria de ouvir
E como resposta demorada
Engulo seus silêncios
Com café preto e forte
Dentro de um sobretudo.
Nada temos
Nada nos falta
Mas é esse silêncio
Sobre tudo e nada
Que arrasta as horas da saudade
E eu me pergunto:
Como é possível isso existir?
E adomeço inquieta
Ainda sem saber se o tenho
Ou se o invento.