Visitas da Dy

domingo, 3 de janeiro de 2021

Sobretudo e café

 





Os olhos embaçados

A boca quase seca

O corpo curvado

Calo tudo o que eu gostaria de ouvir

E como resposta demorada

Engulo seus silêncios

Com café preto e forte

Dentro de um sobretudo.

Nada temos

Nada nos falta

Mas é esse silêncio

Sobre tudo e nada

Que arrasta as horas da saudade

E eu me pergunto:

Como é possível isso existir?

E adomeço inquieta

Ainda sem saber se o tenho

Ou se o invento.



sábado, 2 de janeiro de 2021

Arranhões

 





Noite a dentro,

O que tenho são miragens.

Escrevo pelas paredes,

Rabisco os papéis:

Arranho minha existência

Na casca dos dias.

Deixo pelo ar a minha poesia.

Arranhões no tempo.

Cicatrizes minhas.


sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

Ontens

 



Num desses ontens descontentes,

Que sequer marquei no calendário,

Houve um tanto de você 

Espalhado pelos cantos

Dos meus olhos cansados.

Eu não sei bem se adormeci 

No embalo da noite

Ou embrulhada em suas lembranças.

Num desses ontens eu quis te escrever

Mas não tinha palavras suficientes

Às vezes, por alguns dias a gente seca

E, em outros, a gente só chove.

Hoje o dia está nublado.