Já era tarde,
Escuro.
Quase dia.
E tinha seu dedos,
Sua poesia.
Eu não sabia escrever
Tampouco rimar.
Mas, era você e eu.
E uma luz explodia:
Fazíamos o amanhecer.
Já era tarde,
Escuro.
Quase dia.
E tinha seu dedos,
Sua poesia.
Eu não sabia escrever
Tampouco rimar.
Mas, era você e eu.
E uma luz explodia:
Fazíamos o amanhecer.
Dorme sonhos cor de rosa,
Tão puros quanto seu nome.
Reaviva esperanças em meio ao caos.
Era essa a hora de sua chegada?
Sim! Era esse o plano do destino:
Encerrar o inverno,
Florescer com a estação,
Ser, mais que tudo, amada
E por extensão pulsar:
Por a vida em movimento.
Bendito o mundo que a recebe:
Agora está mais doce,
Mais leve, mais risonho e puro.
(Para Rafael Drumond, em 18/09/2020, como forma de não o esquecer)
Talvez um sopro,
Um salto, uma aventura,
Uma paisagem na janela,
Mas, ainda assim e sempre,
A música mais bela:
Uma canção de amor.
E isso é vida. A vida.
De tudo o que vivemos,
Lágrimas e sorrisos,
Mas, o amor, só ele cura
E da asas ao anjo
Que quando cumpre sua missão, voa.
Quase findo o dia
E a explosão solar acontece
Em alaranjados desejos
Incandescentes,
Como o calor que entra pela janela
E me faz querer tirar o vestido.
Não para o sol, claro!
Mas para o que se deita
No ventre ardente, sedento,
Pronto para se queimar.
Em tons avermelhados,
Como em mediana
Entre meu olhar e a paisagem, o sol,
Tão inalcançável quanto teu corpo.
Não sei qual dos dois me causa mais febre.
A ele, cederia a pele para dourar,
A ti, o corpo a explorar.
Ai, de mim perdida nas montanhas:
Observo de longe tudo o que quero.
Douro pílulas e vontades
E a cada pôr do Sol bebo quereres
E um misto de saudades.
Ainda estamos no fim da tarde...
(Vens à noite?)
Noturna mulher de olhos escuros,
Que brilho a lua cede a ti?
Eis que pareces mais triste do que és,
Mais desolada do que podes.
Não bebas tanto dessas mágoas:
Não são tuas nem te cabem bem.
Mulher que chora pelo capricho não concedido,
Pelo simples mal entendido.
Se o é, não sei. Mas, por quê choras?
Se não reconheces a estrada
Há de ter pés sempre perdidos.
Mas sei bem por onde passas.
Sei bem teus esconderijos:
És aquela do vestido florido,
Do rosto enfeitado de sorrisos
E, ainda assim, não se vês amada.
Ah, mulher de outonos castanhos,
Recebe em ti a primavera.
Abandona teus vislumbres e quimeras
E repares bem no que (não) digo:
Tens um universo inteiro
Às margens de teu umbigo.
O sagrado ventre da vida.
Celebra-te a ti mesma.
A poesia nasce do tanto que sinto,
Do muito que abrigo sem nem saber.
O quanto ainda cabe, não sei.
Engulo o choro, a raiva, a preguiça.
Acolho a dor, a angústia, a acídia.
Não me faltam verbos.
Esses entulham-se no canto da boca.
Sobram-me todos.
Inclusive aqueles que quero abandonar ou esquecer.
A poesia nasce no cotidiano,
No cansaço de todo dia,
Na insônia que habita o leito,
Na sua voz desejando o cuidado,
O carinho, o boa noite.
A poesia nasce de um sopro,
De um cochilo, de um piscar de olhos.
Ela explode e preenche,
Destrói e arrebata.
Ela pulsa e extrapola todos os limites
Porque é a mais pura liberdade.
A urgência da poesia.
A velocidade do sentimento.
O instante da queda.
Os olhos brilhantes.
Os versos pungentes.
A voz sem eco em seus ouvidos.
A beleza pouco notada.
A dúvida do amor.
O pulsar da existência.
O sentido desejo.
A fuga concreta.
A vida.
A ida.
O ar.
Tudo isso é sobre você,
Sobre meu querer
E sobre o tempo:
Que parece nunca chegar.
Cada um que cuide de seus filhotes de dragões
Cada um que feche suas janelas quando chegar o vento.
Eu voo com as asas de meu dragão
Cuspo fogo em sua opinião
Solto o cabelo no vento
Giro a saia, rodopio.
E, nos moinhos, processo ideias:
Matérias-primas de sonhos
Que quando concretos,
Castelos!
Na falta de um rio, chorei
Só pra deixar o amor correr
Escorrer pelo rosto
Nessa noite fria
Enquanto eu esperava por você.
Deixa o rio levar a dor, a mágoa
Que não me afogo nessa água
E convenço-me de que não era pra agora.
Eu vou ficar
Enquanto você vai embora.
Incêndios percorrem meu corpo
Apoderam-se de meus pensamentos.
Vou incendiar meus cabelos.
Vou espalhar minhas faíscas
Diante de teus olhos.
Mais forte e intensa que um relâmpago,
Mas, leve e suave sob lençóis,
Domada.
Em chamas: me chamas?