Visitas da Dy

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Cores de Inverno

 

(Foto: Saulo Otoni - Juiz de Fora vista do bairro Santa Cândida, em 26/08/2020)




Eu vi os dias perderem sua cor.

Eu acompanhei os sons se emudecendo.

Eu queria tudo o que nunca havia dito

E ainda assim esperava.

(Preciso dizer?)

Eu enchi os olhos d'água tantas vezes

E só percebia o cinza chegando,

Tomando conta, anoitecendo.

Eu olhava na direção errada:

Não precisava do céu, da amplidão.

Eu precisava era dos limites:

O limite do céu com o horizonte,

Da cor exata dos seus olhos

Castanhos e livres 

Iluminados pelos resquícios dourados

De um sol cansado, mas, presente.

Eu precisava do instante exato do espanto:

A respiração presa só pra ver a beleza.

A consciência da mão estendida,

A ciência do que é suficiente:

A lembrança revelada

Feito fotografia.

Sem flash.








domingo, 16 de agosto de 2020

Teses

 


É que me saltam a exigir atenções 

Um sem fim de sentimentos.

Crianças indóceis: 

Ora medrosas, ora mimadas,

Descontroladas.

E fazem de mim poeta

Em horas pouco tristes ou amarguradas,

Outras tantas felizes e apaixonadas.

De todo modo é uma explosão:

Do muito (que quero) 

E do pouco (que revelo).

Escrevo. Confesso. Revelo.

Estampo num cartaz 

E colo em sua porta

Reformo o pensar sobre mim e ti

E oscilo. E espero. E oro.

Tenho teses tantas que parecem um rosário.

Mas, o oratório está abandonado:

Só me interessa a vela acesa,

Ardendo, aquecendo, iluminando.

Sagrado fogo da perdição e salvação

Sagrado fogo que carrego.

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Urgências




O amor é urgente
Principalmente sob o efeito da saudade.
Nesses dias frios e noites longas,
O que me invade é sua falta
O que desejo são seus calores.
A urgência de amar
Chega a sufocar no peito.

quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Girassóis da cor da saudade




Era como amar e precisava de tempo.
O tempo das coisas amadurecerem.
O tempo das cores cintilarem.
O tempo das conversas todas,
Das saudades,
Dos girassóis cantados.
O tempo de lhe ver chegar
E sorrir com os olhos...
... De querer...
Era como amar e não ter certeza
E não saber o que fazer
E tentar correr
E querer ficar
E temer.
Era o tempo de girassóis:
Semeados por sua voz
Na terra fértil de meus pensamentos
Que saudades...



segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Aceite






Por quanto tempo viveste entre as brumas,
Sonhando estar entre rendas e plumas?
Tu que atravessaste penas, dura,
Na labuta diária de esconder-te
De outros, sim! Mas, antes de ti...
Tumultuados dias em teus próprios labirintos,
Penosos ritos de libertação e autocura.
E eis que o espelho encara-te
E afundas em tuas movediças areias
Atravessas teu íntimo e (quase) renasces:
Aceita-te e viverás de levezas.
Não sem dores, mas, com verdades.
Aceita-te e esqueça-te de quem foras
O que és é demasiado melhor.