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quarta-feira, 2 de março de 2022

Margens

 





Há entre nós um rio

De águas correntes,

De um asfalto quente,

De distâncias imensas

E somos as margens.

Há o céu de me cobrir de azuis

Para que eu me esqueça da espera, 

Para que eu me desfaça em tempestade,

Para que seus lábios me alcancem.

Quero, nesse rio, ultrapassar a beira,

Navegar seus braços e pernas,

Mergulhar segredos e cantos

Quero, nesse rio, descobrir-me mar

Dar-lhe um búzio para se guardar

E fazer de nós um talismã.

Quero a delicadeza das chegadas 

 Vagarosas correntezas,

Preguiçosas manhãs

Tempo parado no ar.



 


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