Visitas da Dy

domingo, 25 de novembro de 2018

Olho do Furacão




Emprestei-lhe meus corpos em tantos tempos...
Dancei sob seus sons, seus toques, seus olhos.
Mesmo quando estávamos perdidos,
Mesmo quando me era só um sonho,
Mesmo quando só ouvia seus ecos,
Era o seu ritmo que me guiava.
Não tenho as medidas do que sinto
Tampouco sei suas definições.
Danço...
Repito minhas palavras secretas
Sussurro meus encanamentos à noite:
Ela me sabe, me acolhe, me ampara.
Ela me inspira, me sonha, me desperta.
Sou senhora de incertezas,
Flertando com teimosias.
Sou a que ouve conselhos e não os segue
A que tem um coração e não o cede.
Sou a que lhe espera sem saber se virá
Sou a que deseja resiliência sem saber o que é calmaria.
Danço no olho do furacão
Em sua ausência faço tempestades,
Mas, não sei se sua presença me acalmaria.
Talvez, ao tocar-me, eu explodiria.
Que fazer, então, se o meu bem me faz tão mal?
(Con)viver é dosar o veneno diário
Até ele seja a própria cura.

sábado, 24 de novembro de 2018

Sob as brumas do tempo




Eu não sabia nada do mundo
O mundo não me sabia, 
Mas eu pari os seres,
As luzes, as cores.
Sou a guardiã da vida!
Aos poucos, sacerdotisa, deusa
Árvore frondosa
Sempre mãe, aquela que nutre.
Feroz, protetora, amor-ardente
Minha força causou medo:
Queimaram meus sonhos,
Afogaram meus planos,
Rebaixaram meu papel...
Mas eu sou o próprio tempo em movimento!
Olhei o passado e despertei
Renasci
Resisti às brumas do tempo
Às mãos que tentaram me calar
Sou hoje amplitudes
E o mundo todo é meu lugar