(Poema feito para Tufic Nabak e Cíntia Prado para o espetáculo "O Despertar das Deusas, em novembro/2018)
A cada nascimento de uma mulher
Uma estrela brilha mais forte:
É a certeza dos céus de que a vida é bela.
A cada folha do calendário que vira
O tempo respira e contempla a serenidade:
Ele sabe que cada mulher desperta em sua hora.
Somos ecos ancestrais
Espelhos de energias cintilantes
Somos mulheres-deusas:
Um descobrir-se constante.
Profetize, Sibila, em seus versos noturnos!
Cabe à mulher a arte de um ser profundo:
Inanna nos guia em nossa busca interior!
Cada mulher tece sua história,
Regenera suas forças, é um pouco de Freya:
Dança a sensualidade, o amor, veste-se de flores.
Incompreendidas, fomos, como Lilith, lançadas nas sombras,
Aprendemos a lidar com nossas tempestades
E também somos calmarias
Donas de nossos corpos e destinos,
Guardando nossos tesouros na caixa de Fulla.
Na palma da mão ou no suor do rosto, não desistimos:
Ártemis nos torna caçadoras incansavelmente fortes.
Nascemos como ela: guerreiras.
Somos quentes, explosivas, um vulcão à flor de Pele
Destruímos o mal, protegemos nossos sonhos.
Cada mulher é um inconstante vai e vem,
Ondas de mar, Iemanjá!
Temos o dom de amar
De fecundar outras vidas e chorar rios de Ísis
Sabendo ser parte da plenitude da alegria e do amor
Somos equilibristas de sentimentos, dançarinas, coloridas como Hator.
Cada mulher é um universo, Eurínome,
E, diante de sua descoberta, toca o êxtase.
Eu, mulher, já fui criança,
Amiga, amada, amante, caminhante
Fui tristeza, colo, amparo, carinho
Já fui santa elevada
Já fui calada na fogueira
Experimentei solidão, sonho, paixão
Eu, mulher, no tempo sou corpo-templo
E abrigo em mim um grande movimento:
O Despertar de todas as Deusas
Que me faz ser resistência,
Luta, fervor, sororidade
E, sobretudo, amor.