Visitas da Dy

quinta-feira, 21 de março de 2019

O Despertar das Deusas



(Poema feito para Tufic Nabak e Cíntia Prado para o espetáculo "O Despertar das Deusas, em novembro/2018)

A cada nascimento de uma mulher
Uma estrela brilha mais forte:
É a certeza dos céus de que a vida é bela.

A cada folha do calendário que vira
O tempo respira e contempla a serenidade:
Ele sabe que cada mulher desperta em sua hora.

Somos ecos ancestrais
Espelhos de energias cintilantes
Somos mulheres-deusas:
Um descobrir-se constante.

Profetize, Sibila, em seus versos noturnos!
Cabe à mulher a arte de um ser profundo:
Inanna nos guia em nossa busca interior!
Cada mulher tece sua história, 
Regenera suas forças, é um pouco de Freya:
Dança a sensualidade, o amor, veste-se de flores. 
Incompreendidas, fomos, como Lilith, lançadas nas sombras,
Aprendemos a lidar com nossas tempestades
E também somos calmarias
Donas de nossos corpos e destinos,
Guardando nossos tesouros na caixa de Fulla.
Na palma da mão ou no suor do rosto, não desistimos:
Ártemis nos torna caçadoras incansavelmente fortes.
Nascemos como ela: guerreiras.
Somos quentes, explosivas, um vulcão à flor de Pele
Destruímos o mal, protegemos nossos sonhos.
Cada mulher é um inconstante vai e vem,
Ondas de mar, Iemanjá!
Temos o dom de amar
De fecundar outras vidas e chorar rios de Ísis
Sabendo ser parte da plenitude da alegria e do amor
Somos equilibristas de sentimentos, dançarinas, coloridas como Hator.
Cada mulher é um universo, Eurínome,
E, diante de sua descoberta, toca o êxtase.

Eu, mulher, já fui criança,
Amiga, amada, amante, caminhante
Fui tristeza, colo, amparo, carinho
Já fui santa elevada
Já fui calada na fogueira
Experimentei solidão, sonho, paixão
Eu, mulher, no tempo sou corpo-templo
E abrigo em mim um grande movimento:
O Despertar de todas as Deusas
Que me faz ser resistência,
Luta, fervor, sororidade 
E, sobretudo, amor.

quinta-feira, 14 de março de 2019

Marcas (Epitélio)




Então, despida, só terei no corpo as marcas que se tornaram naturais. Meu símbolo preferido exposto. Cru. Sem explicações. Apenas ele, compondo minhas complexas fases, reverberando parte do que acredito. Ora amuleto da sorte, ora lembrança do que fui, sempre sinal de minhas escolhas.
Não terei muito mais do que olhares e entrega. Palma da mão estendida, olho aberto, espera... A boca semi-calada, bebendo suspiros. Ouvidos atentos, colhendo frases como mãos em concha cheias de areia.
Serei eu, envolvida nos escuros de meia-noite, a guardar meus segredos, a ser silhueta, pronta para desfazer-me em suas pontas de lança, que, pela aveludada confiança, podem matar-me em afogamentos de desejos?
Serei eu o alvo da seta?
Serei?
Sou, pouco mais do que posso, esse quê de liberdade e fantasia, de sonhos e feituras, de querer-me bem, mais do que a você, mas ainda lhe quero.

sábado, 2 de março de 2019

Sem mapas



Os caminhos são vaaaaastos
E não tenho nenhum mapa.
Mesmos as linhas retas me soam labirintos.
Não que eu esteja perdida.
Não que eu não saiba onde vou.
É que gosto de olhar o futuro pelas janelas do passado
E deixo o tempo escorrer pelo meus cabelos 
Como se fosse o vento...
Sinto-me leve
E desejo voar até você.
Onde é seu ninho?