Visitas da Dy

quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Convocação

 



Não há tempo que não vire,

Céu que não se parta ao meio.

Das brisas que guardo no peito,

Sopro minhas calmarias em sua fronte:

Descansa, prenda minha!

Guardo seus sonhos e afagos,

Guardo minhas forças e fogos.

Repouso em seu peito-cais,

Ouvindo as ondas de desejos.

Quase descanso do longo dia,

Mas resisto entre cochilos

E sigo atenta aos sinais de ventania.

Rasgo o ventre em tempestades,

Parindo trovões,

Iluminando madrugadas:

Desperto seu sono

E ressoo canções antigas.

Luta ao meu lado, prenda minha!


quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Acolhida

 





Entre tantos brilhos, constelações.

Há em mim um tanto de estrelas.

Há em mim um tanto de chamas.

Há também um tanto de sombras,

Um tanto de carvão queimado.

Há quem saiba ver só os encantos.

Há quem cuide apenas das feridas.

Por ora, prefiro o acolhimento do inverno:

Só ele sabe o valor de uma fogueira,

Da escolha da madeira 

À brasa que amanhece

E vencer madrugadas é uma luta:

É desafio que tiro de letra

Antes por ser fogo,

Depois por ter abrigo.

terça-feira, 21 de setembro de 2021

Luz do Dia

 



(Texto publicado no SUPLEMENTO ACRE)


Às margens de sua boca o meu nome

E toda vastidão de meus quereres.

Há rumores de que eu morreria por um beijo

E exponho-lhe cada um de meus desejos.

Já não conheço a saída de seus braços

Ali me entrego, me perco, me acho.

Ali faço morada e anoiteço

Repouso quase tranquila

Esperando que me olhe e amanheça

Porque desde a primeira hora

É de seus olhos a luz do dia

E por eles somos iluminados.



 

  



segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Cada coisa em seu lugar

 



De sua teimosia matinal, o brilho.

Calor que derrete horas e sons

E desembrulha um tanto de silêncio

Como quem acorda manso

E vê o sono indo embora

(Pela fresta dos olhos entreabertos).

Mas, de sua despedida, fico com as cores,

Com o cheiro bom da Lua chegando,

Com outro tanto de silêncio 

Guardado pelos cantos.

Enquanto o céu se pinta

De aquarela azul e dourada

Para receber estrelas 

Enquanto traço planos.

Enquanto semeio sonhos

São suas cores que me embalam.

E o sol se indo,

Pondo cada coisa em seu lugar.

domingo, 19 de setembro de 2021

Rio às avessas

 



Por vezes, lugar nenhum me cabe.

Como um rio às avessas,

Que não sobe nem desce.

Quase congelo.

Perco a fluidez, a capacidade de deslizar.

Perco a vontade de ir pra Foz.

Esqueço-me que já fui nascente.

Mergulhe em minhas águas,

Reaviva meus afluentes!

Tenho ganas de correnteza

Que deságuam sob seus pés.

sábado, 18 de setembro de 2021

A partir daqui

 



Até aqui fui espera.

Cansaço do passado,

Sede de futuro

E um tanto de angustia e medo.

Até aqui era um misto de luz e sombra

Um não saber de sua existência

Embora o querer palpitasse

E lá no fundo já era sabido

Que o meu querer o criaste

Tal qual era em minha espera.

A partir daqui é um precipício

E tenho asas por abrir.



quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Do pressentimento

 



De entrelinhas, o recado.

Do silêncio, o grito.

Dos cacos, um mosaico.

Para tudo, o tempo.

Seguir.