Que fique claro que meu amor é de profundezas.
Que ele é reservado e intenso
Como um vulcão que finge dormência.
Que fique claro que gosto de mergulhos em imensidões,
Que sou grimório que se abre
A tudo aquilo que me desperta,
Que me toca, que me faz querer voar.
Que fique claro que sei brilhar quando estou nas sombras,
Que sou feita de incêndios,
Que há segredos em meu ventre
Que só a dança sagrada dos corpos revela.
Que fique claro que sou de entregas,
De alma rasgada e lavada,
De passos firmes, rápidos e de ventanias.
Que fique claro que meus olhos brincam pela madrugada,
Que minha língua sabe causar arrepios,
Que tenho silêncios ensurdecedores,
Que a arte antiga corre em minhas veias,
Que aprendi a chamar a tempestade
E fazer despencar dos céus, os raios,
Mas que prefiro o movimento do tempo:
Pouca espera, muita revolução.
Sou de impulsos, mas sei a hora de me concentrar.