Visitas da Dy

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Travessia ou Pessoa-planeta ou Revendo minhas lembranças

*** E mexendo nos meus vários textos manuscritos, enquanto escolhia um pra ser postado encontrei esse aí,qeu na verdade são fragmentos soltos escritos numa travessia da barca, numa noite quente, mas que parecia que o tempo estava parado, sem vento, sem ação. Meu coração estava aflito, ainda não habituado às terras cariocas e confuso, muito confuso.
Parece não fazer sentido para qeum lê, mas faz sentido para mim, para meu coração e para tudo o que eu sentia naquele momento. Desconexo? Talvez! Confessional? Muito!***

E de tudo o que vivemos o que nos sobra é muito pouco. O que levamos é poeira de estrelas perto do espetáculo que o sol dá aos nossos olhos todas as manhãs.


Ser cometa é ser breve. Brilho, fogo, efemeridade. Acabou. O que sobrou? Lembrança.

Ter lembrança é reviver. Ter lembrança é saber que o brilho marca, o fogo queima e que o que passa pode sim ficar registrado, gravado na parede da casa-coração.



Agora no mural da vida tenho sorrisos, olhares,canções e poesia. Cheiros, cores, sabores.

O que alegra a alma se descortina também como melancolia. Lembrar de tudo o que foi aperta o peito e nos faz pensar.

Cismei em comparar as pessoas aos astros, estrelas e satélites celestes. E percebi que somos muito parecidos com eles, ainda que no fundo ninguém seja o sol, embora aqueça nossos dias. Ninguém é só estrela ainda que traga brilho aos nossos olhos e também ninguém é só lua que brilha fria e só. Somos cometas rápidos, brincalhões e planetas, habitados por vários seres que se movem em nós, que dão vida e cor na nossa terra.

A chave dessa questão está bem aí: podemos ser breves, passar como um relâmpago na vida dos outros, trazendo beleza e espetáculo a quem nos vê passar,mas podemos ser planetas.

Podemos permitir um fluxo de trocas com outros seres em nós mesmo, em nossa terra. Esses seres extras, “avulsos” nos trabalham, nos moldam, nos marcam e deixam em nós as doces lembranças. Nos cultivam e nos cativam.


Podemos, devemos nos permitir marcar, nos permitir ter boas lembranças.


Estou aqui revisitando e repintando as paredes da casa-coração. Estou usando cores vivas e revendo vários momentos bons que tive e posso dizer que já vi vários cometas passarem, que não deixaram de me fazer sorrir,mas posso dizer que se não fui até hoje, quero ser uma pessoa-planeta, habitada e que habita em outros. Que cresce e ajuda a crescer.

Quero ser planeta que se permite, sobretudo, visitar o mundo da lua e caminhar acompanhada – ainda que de mim mesma – pela lua, ainda que essa caminhada se dê enquanto passeio pelo parque ou de metrô, porque se tenho o pé no chão, a cabeça está sempre lá na lua...

***Guanabara,29/03/2011***

terça-feira, 10 de maio de 2011

Santos e Pecadores

Estive pensando no porquê de muitos relacionamentos só serem intensos e perfeitos enquanto estão só no plano das ideias.
Não, não sou adepta da corrente platônica e nem sou de viver num mundo inventado, embora invete muitas coisas pra fugir da loucura que é o nosso dia a dia.
O fato é que às vezes conhecemos alguém e sonhamos em como nossa vida pode ser maravilhosa ao lado dessa pessoa. Esse é o problema. E aqui busco o ponto de vista tanto masculino quanto feminino.
Para os homens as suas amadas geralmente são idealizadas como santas. Mulheres 0km. Nunca sairam com outro – quem dirá outros – estavam sempre à espera dele – que diga-se de passagem pode ser um galinha.
Elas são perfeitas donas de casa, mães e esposas, mas sem pensarem que elas podem e devem ser autônomas. Ao meno sinal da indepedência delas eles se assustam e já é um belo começo do fim.
Homens não convivem bem com a ideia de mulheres de opinião, de mulheres que se assumem e dizem do que gostam e do que não gostam. E se elas resolvem por a mão na carteira muitos deles ainda se ofendem – pelo menos os “bons” homens.
Se o assunto for sexo, então, sai de baixo. É só ela dizer que gosta assim, quer assado e ele se espanta, se sente inseguro, acha que ela vai compara-lo com um fulano com quem saiu há anos atrás e é um horror, se comportam feito meninos assustados.
Para as mulheres é mais ou menos a mesma coisa. Os seus homens são todos príncipes, cordiais, abrem a porta do carro, dão flores e lembram todas as datas importantes – importante para elas que fazem questão de resgistrar tudo.
Quando descobrem que o rapaz anda de cueca pela casa quase têm um enfarto. Imaginar que ele não vai se lembrar extamente do dia e hora do primeiro beijo é motivo para uma grande crise existecial onde ela jura que ele não a ama mais.
Se ele já teve 357 namoradas é um galinha. Se teve 35 deve ter um problema, se só teve 7, meu Deus!, ele é um virgem! ou sério candidato a hmossexual ou tem complexo ou outra coisa qualquer.
Onde quero chegar com essa conversa fiada? Simples! Nas nossas histórias pessoais. Todo mundo já teve um amor inventado, idealizado, que não deu certo por não ser exatamente o que pensamos.
Criamos um personagem perfeito para o nosso companheiro e desejamos que ele seja o que desejamos.
Quer ser feliz com alguém? Pense que ele é igual a você, capaz de cometer erros e acertos, com manias, com defeitos e qualidades.
Aceite o outro como uma caixinha de surpresa e surpreenda-se com cada detalhe. Aproveite cada novidade que se descortina aos seus olhos. Aceitar as diferenças e abandonar nossos padrões de senhor e senhora perfeição é bom e todo mundo gosta. Além, é claro, de ser uma indicação do que pode vir a dar dias de descberta e felicidade. Não, nã oé a fórmula do amr ou a felicidade é só um processo de apliação da visão e aceitação do que realmente podes urgir em sua vida, sem truamas, sem stress, só com expectativas boas. So isso. Vamos tentar.

O beijo


Estarrecidos. Nenhuma outra palavra poderia definir melhor a condição que os dois se encontravam depois daquele beijo.
Ele se sentia, em seu íntimo, orgulhoso por ter tido a coragem  necessária para arriscar roubar e ganhar o beijo.
Ela, atônita, experimentava uma sensação indescritível. Uma alegria e um temor arrebatavam seu coração.
Os olhos dela pareciam perdidos, mas brilhavam.
Cinco segundos. Não mais que isso durou aquele silêncio. Imóvel. Um longo e paralisante silêncio. Quase um século para os dois.
Levemente ela tocou os lábios entreabertos com seus dedos. Ainda marcados pelo gosto dele. Era uma tentativa de perceber se estava acordada ou sonhando. Estava acordada.
Devagar ele segurou a mão dela que tremia.
“E agora?”, ele quebrou o silêncio.
Fatalmente a resposta dela veio com um sorriso que atravessou o coração dele como um raio e o fez estremecer. Em seguida, ela, aproveitando cada segundo daquele momento, acariciou-lhe os dedos que se entrelaçavam aos seus e discursou apaixonadamente:
“E agora? E agora… o agora é muito pouco pra mim. O agora se transforma no que foi ao momento em que a dúvida é pronunciada. O que é o presente se não o passado que está a menos de um segundo de distância de nós? O agora que veio e foi-se embora deixou-me uma questão que por mais que eu busque não acharei a resposta: o que aconteceu? Essa e a questão. Não, não falo do beijo que em si foi troca de sabores. Falo do que ele causou. Em você não sei. Nunca o saberei de fato. Em mim também não sei. Não encontro definição. Não há palavras ou teorias ou conceitos que exprimam em nenhum livro – e de livros ela entendia bem –. De repente sei que aconteceram várias coisas: música no silêncio e em silêncio; pernas que tremiam e chão que se perdia; borboletas, as teimosas borboletas, essas voavam desesperadamente em meu estômago, assustadas com o barulho dos fogos de artifício que estouravam no meu coração. Os olhos mudaram. E mudou a visão. No meu porto que era seguro veio o furacão e o fogo de um vulcão. A mão que antes significava companhia coração quis transformar em companheiro. O abraço que era diversão, fez-se força, proteção. Vontade de estar, desejo de ficar… É isso: mudança. Grande. O agora era mudança. O que aconteceu depois do beijo, o beijo, não sei explicar. Não sei se quero explicar. Sei que foi bom, que foi despertar. O que vai ser é outra história… e que cabe a nós decidir por começa-la ou aborta-la. O que vai ser é outra história… história que vai ser escrita com as cartas que o tempo vai nos dar. Tempo… demorado foi o tempo que nos separou mesmo estando juntos, demorado o tempo de “se criar coragem” e curto o tempo da ação. Agora instaura-se o tempo da dúvida: o que vai ser?”
Ele estava fixamente olhando para a moça enquanto ela divagava. Para ele as palavras dela saíram daquela boca como se fossem escritas por uma mão delicada com uma caneta tinteiro em um diário. Havia um quê de saudade nas palavras dela: saudade do beijo que acabara de ser roubado, saudade do beijo não ter sido roubado antes, saudades até do que estava por vir. Se ele pudesse imprimir aquelas palavras que acabara de ouvir, com certeza elas estariam em um papel amarelado, como um documento antigo.
Apaixonadamente ela expôs seu coração sem saber ao certo o que isso queria dizer.
Apaixonadamente ele a ouviu.
Ela calou num suspiro. Olhos perdidos, brilhando.
Encontro de olhares. Lágrimas brotavam nos olho dela. Olhos escuros, castanhos, um lago ao anoitecer. A lágrima era uma gota de chuva na margem, pronta para transbordar.
O rapaz, encantado, acariciou-lhe o rosto e com seus polegares conteve as lágrimas, colhendo os dois brilhantes que aqueles olhos verteram.
Pausa. O silêncio ganhou a sala e o tempo pareceu parar enquanto ele inspirou. Encheu-se de uma falsa coragem e preparou-se para responder algo a ela, que ainda se perguntava silenciosamente o que estaria por vir.
“Há amor demais em seu coração”.
Quebrou-se o silêncio. Ele sempre quebrava o silêncio.
Dizendo isso ele aproximou-se beijou-lhe a testa demoradamente e escorregou os dedos pelos cabelos escuros e lisos que emolduravam o rosto dela. Virou-se e saiu sem fechar a porta porque não queria olhar para trás.

(o trecho a seguir pode ou não vir a integrar o texto)

Ele em sua infinita imaturidade se julgava errado, se julgava pouco para ela. Acreditava que não a amava o suficiente ou que não a amava como ela o amava.
Tolo. Ele a amava e sempre a amou, desde que a vira magricela e desengonçada na sua rua pela primeira vez. Mesmo quando não a via, porque era nela que ele pensava todas as manhãs e todas as noites.
Tola. Ela passou dias julgando não ser amada e se convencendo de que ele era igual a todos os outros.
Tolos. Ele acreditava te-la perdido pra sempre e ela desejava não ve-lo nunca mais, mas todas as vezes que se aprontava para sair, sorria com a vaga possibilidade de um encontro casual. Mal sabiam eles que estavam lutando para encerrar um amor que só havia desabrochado com aquele beijo.
Talvez o tempo se encarregaria de junta-los novamente.
O fato é que hoje, para eles a única certeza é que só se encontra a pessoa certa uma vez na vida e saber reconhece-la é fundamental para se viver um grande amor.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Uma Balada para Z

Z. 
Não, não é uma letra do nosso alfabeto. É mais, muito mais.
É menina-mulher, baiana-paulista, romântica-independente, amiga distante-presente, flor de pêssego: singela quando se expõe, fruta madura, sedutora, mas delicada.
Sonhadora e lutadora saiu do seu mundinho pequeno, campestre, agreste para aquela flor e ganhou o mundo real - existe um "mundo real"? - veio cair na cidade grande, no meio de prédios, ruas e avenidas corridas, selva pronta pra crescer cada vez mais e amassar, esmagar, magoar as pétalas da linda flor.
Não adiantou.
Mesmo a selva crescendo ela foi mais forte e cresceu mais. A aspereza do mundo cede à sua doçura. O sorriso desmanchou a dureza. Ganhou seu espaço.
Hoje vive em meio a outras flores, mas ainda busca companhia, uma que seja só para si.
Toda flor sonha com um beija-flor. ela espera o dela, sem saber que pode já o ter encontrado, que ele pode estar ao lado, que pode ter voado milhas e agora estar bem perto.
A metáfora não para por aqui. segue adiante e vai além: toda flor tem que desabrochar para se exibir mais linda, pra exalar seu perfume estonteante, inebriante, pra atrair seu beija-flor - e alguns olhares curiosos e desejoso, por que não? - ou para ser colhida por mãos cuidadosas que a levarão para experimentar novas sensações.
Deixar-se ver, deixar-se colher. Esse é o segredo que a flor tem que aprender.
Para enfeitar casa-coração passa-se por processo de libertação de si mesma, de abandono da raiz, mas a pena vale a recompensa. Casa-coração vira jardim em festa com flor colocada no jarro novo.
Que a querida Z se embale em uma balada de paixão, que se deixe ser flor, beleza, cheiro e amor.


*** Para a querida Z (Zenilde), que me ensinou que tudo na vida é passageiro e construído em uma deliciosa conversa numa tarde de quinta feira: ela em Campinas e eu no Rio. Porque amizades superam distâncias, sempre. ***

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Criando Asas

Já que seus olhos não me vêem,
Que seus lábios não dizem meu nome,
Que não são meus os teus abraços,
E que jamais provarei teus beijos,
Crio asas.
Voo para longe…
Vou pra onde possa só olhar a vida passar,
Já que não ouve as músicas que canto,
Que não lê minhas poesias,
Que não percebe meu amor,
Viro pedra.
Construo meu castelo e me fecho
Princesa desalento,
Caminho de lugar nenhum,
Rua sem saída, 
Noite sem estrelas.
Dona de olhos que já te olharam,
Mas que agora são só desatentos.
Sou flecha lançada que nunca chegará ao alvo.
Bilhete escondido na gaveta,
História nunca contada.
Amor não revelado
E, talvez por isso,
Não correspondido.

Menina Lua



Menina-lua, de fases,
Cheia de medos, incertezas,
Dúvidas no coração,
Olhar misterioso

Minguante de esperanças,
Cansada da ilusão,
Desistiu do amor,
Sonhos? Todos vãos…

Nova, se revona.
Uma vez despedaçada
Se restaura

Crescentes desejos
De ver tudo mudar
De ver toda essa fase passar.

Recolorindo o mundo

Uma tela de um quadro bucólico. Era assim que ela definia os seus últimos dias. Se sentia como uma personagem de um quadro que acidentalmente sofreu um dano em sua superfície.
Para ela os acontecimentos da semana eram como um estilete que rasgava a tela da qual era a personagem principal e, pelo rasgo da tela, toda a cor se escorreu.
Agora ela estava num cenário cinzento. Diferente. Sentia-se perdida e sozinha. Sentia um grande vazio.
Pensando ser só mais uma de suas grandes crises em busca de respostas deciciu sair de casa e procurar pela cidade algo que a respondesse, que a fizesse se sentir melhor. Lembrando-se da comparação com o quadro, estava disposta a encontrar uma aquarela para repintar seus dias.
Por entre o transito e os prédios ela vagoupo horas. Cansada sentou-se num banco de praça e fic observando o movimento da cidade. Estava tudo cinza!
O problema não era só ela e seu mundinho pessoal. O problema estava na cidade, nos homens que com todo o seu egoísmo estragavam tudo a sua volta. Não havia aquarela no mundo que pudesse dar cor a todo aquele espaço.
O que ela percebeu é que o mundo anda sem amor – a cor e o sabor da vida.
O que ela percebeu é que o bicho homem anda cada vez mais complicado, mais preocupado só com si mesmo, mais isolado, mais fechado e mais cinza.
Acometida por um sentimento de insatisfação ela levantou, pensou no que poderia fazer e deciciu começar a recolorir o mundo, a começar pelo seu próprio mundo. Foi pra casa, pegou sua lista de telefones – uma agenda de papel já amarelada, com nomes de pessoas com as quais não falava há meses. Na lista estavam pessoas que eram muito importantes para ela, mas que talvez nem se dessem conta disso.
Ela começou a fazer ligações só pra dizer um “bom dia”, só pra dizer que estava com saudades, pra dizer que os amava e que eles importavam muito para ela. Seus dias voltaram a ter mais cores, mais perfumes, mais sabores, mais amigos.
Sem saber, sua atitude se espalhou e o mundo que ela já estava cansada de ver cinzento voltou a se colorir aos poucos, porque o amor é a cor dos dias e quando ele é proclamado, se alastra rapidamente, enche corações e transformam as vidas.



Edylane - por Ubi de Sá

Pessoas queridas que visitam esse blog, recebi dois poemas lindos!
Joias das mais raras, palavras das mais belas combinadas!

Meu querido Ubi de Sá escreveu estes poemas para mim e compartilho com vocês, como uma maneira simples de homenagear aquele me me homenageou!




Edy

Vou embora de mansinho
na estrela da saudade,
mas te deixo a minha história,
guarda-a se tens vontade.

Deixa a chuva cair sobre meu nome,
se quiseres traz o sol do teu desejo
mas prefiro a languidez da lua
que lembra o pálido traço do beijo

Se sentires minha falta
no longe das madrugadas,
pensa que ainda sou canto
na tristeza das toadas.

Abraça-te em meus versos,
vestígios vivos da verdade louca
de que foste idéia nos meus sonhos
e que existi como palavra em tua boca.

(Ubi de Sá)




e o outro...




E os meus dias são noites
e duram o espaço
de um esquecimento.

Quando me vou de ti,
pleno de infinito,
ressoam meus sonhos
de impossível azuis,
feitos de palavra e poesia.

Então torno-me silêncio
na noite do meu dia


Até o nascer de uma nova lua.

(Ubi de Sá)

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Não há segredo nenhum


Aqueles olhos guardavam segredos que só revelavam à lua. Diante do mar buscava respostas.
Ela sabia que não era comum. Não era um tipo de pessoa comum, dessas que se encontra na padaria e se dá um “bom dia”. Tinha algo de diferente. Eram os olhos dela.
Os olhos que guadavam segredos eram o segredo. Eram olhos cansados de tudo o que via ao seu redor.
Eram olhos que buscavam mais cores nos dias, mais realidade nos sonhos e novos rumos e respostas para seu coração.
Ali diante do mar os olhos dela se enchiam de uma esperança e seu coração, de repente, ficou imerso em uma tranquilidade enorme e vendo o por do sol se sentiu muito bem porque sabia que ele faria nascer a lua.
A noite começava a cair e o céu ganahava um tom de azul escuro pontilhados de estrelas e ela se sentia como se estivesse debruçada em uma janela. Sentiu toda a tristeza e angústia que trazia voar pra longe e aos poucos, foi se alegrando. Os olhos que, misteriosos eram matizados com uma certa melancolia, agora ganhavam os contornos de um sorriso que os lábios abriam.
O vento soprou e trouxe as cores que ela procurava. Ao longe ouviu uma canção que a fez lembrar só de coisas boas. Momentos felizes que compartilhava com os que amava. Sorrisos de amigos, abraços carinhosos, colo de mãe, cheiro de flor, capim-limão, violetas.
Pensando ser estrela começou a dançar como se estivesse no céu, como se estivesse só, sem se importar com quem estava ao seu redor, naquela praia. As boas lembranças a haviam tirado pra dançar. Seu coração se deixava seguir sem rumo e a direção que os pensamentos tomavam não importavam.
Rodopiando na ponta dos pés se sentia livre, feliz, leve. Molhou os pés no mar, se permitiu ouvir o barulho das ondas de olhos fechados. Deliciou-se com a brisa. Deitou na areia e ficou ali por horas, com o pensamento vagando, divangando.
Lembrou-se do motivo pelo qual tinha ido ver o mar. Era um segredo. O segredo de um amor. Um segredo que agora seus olhos denunciavam pela ternura que deixavam transparecer ao pensar no seu amor.
Olhando as estrelas viu cenas dos momentos felizes que passara ao lado daquele por quem julgava estar apaixonada. A conclusão era uma só: estava mesmo apaixonada. Mais que isso, era um amor real. Sabia disso porque o coração acelerava, mas mais ainda pelos seus olhos que brilhavam por ele. E isso todo mundo via.
Naquela noite ela se perguntava se realmente o amava. Se era esse o segredo de seus olhos. Descobriu que na verdade não havia segredo nenhum: o amor que sempre sonhou estava perto e só ela não tinha percebido.