Visitas da Dy

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Passagens







Mudam-se os dias.
As areias movem-se.
Ao sabor do vento,
Tecem-se as histórias
E sou a tinta que molha a pena.
E sou a palavra que tatua o papel.
E sou a flecha que enverga o arco.
Sou os pés do caminhante que erra.
Sou a busca das incertezas,
O não saber onde vai dar.
O próximo passo do labirinto
Com ares de primavera,
Mas o frescor é outonal.
Perco-me pelas estações do ano
Como me perco nas estações de trem:
Por onde ando?
As esquinas não me são mais familiares
Quanto as largas avenidas, boulevares.
Por onde ando?
Sou rio sinuoso, sem caminho descrito
Com deságue conhecido, mas distante
Por quanto tempo andarei?
E o tempo passa...
Escorre por mim como eu por ele
Não nos apressamos, nem nos prendemos
Aprendemos. E seguimos.
E as estações passam
São paisagens nas janelas.
Contemplo as passagens
Sou, então, a flecha que foi lançada
Alcançar o alvo não importa
Voar é mais libertador. Voo.
Marco o papel com minhas impressões:
Sou memórias.
Emaranhado de histórias.

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Amanheceres





Amanheço a cada lua.
É o brilho noturno que me acende
E sou mais que estrela.
Sou a mão do poeta que mira o céu,
Que faz do jogo de palavras um dossel
E deita neles seus sonhos
E conta lágrimas como gotas:
Se cristal, sal, amor, dissabor
Nunca se sabe.
Quem sente, nunca conta.
Quem vê, não sente: imagina.
E é poeta nesse instante
Porque faz da vida um livro aberto
Porque faz das horas todas companheiras
Porque faz da noite inteira, alento
E eu posso ser a branca linha
Ou a palavra livre,
Mas quero ser manhã
E faço manha de menina
Amanheço quando anoitece
E ilumino aquelas suas horas
Que antes eram sombrias
Sou aurora à meia-noite
Por isso não conto o tempo
Mas danço pelos dias.