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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Silêncios


(para ler ouvindo "Epilation en do Mineur")



Meu silêncio não me basta e seu silêncio me constrange. É dele que surge um vão, aquele vão entre as nossas mãos, nossas vontades, nossos sonhos. É por ele que nos rendemos à monotonia, ao que era pra ser dito e fica preso na garganta, difícil de ser engolido.
É pelo seu silêncio, pelo meu silêncio que o segredo que era só meu e um outro qualquer, que era só seu, vira nosso. É por ele que nos tornamos mais frios e distantes, mais quietos e vacilantes. Rendemo-nos às bocas caladas, a um desfile de dúvidas e de "talvez" que nos açoita em noites insones.
Pelo silêncio que fazemos perdemos nossa suavidade, nossa doçura sagrada de cada dia. Viramos expectadores de nossa vida, sem ações para mudar o fim da história, se é que há história.
Deixamos nos levar pelos ritmos de buzinas no trânsito febril das cidades que vivemos, que percorremos. Perdemos nossas direções pelas mãos trêmulas que seguram quaisquer volantes. Perdemos nossos desejos de amantes de nós mesmos e da vida.
Pensamos dançar um tango argentino em plena praça Paris, mas nos sobrou apenas acordes soltos do que seria uma sonata.
Sonhamos voar com o arrebol, mas esquecemos de tirar nossos pés do chão, de alimentar nossos sonhos com doses de coragem e já que perdemos a noção da hora, acreditamos que junto com o tempo nós também passamos e nossas vidas vamos levando em silêncio.

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