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segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Ah, Minas Gerais




Enquanto vejo versos e prosas que falam sobre as Minas, sobre as minhas Minas Gerais, invejo-os como invejo a cantora de jazz e blues que tem nos cabelos uma flor tão vermelha quanto o batom e o coração. Invejo os versos e as prosas e penso que um dia saberei escrever o que é ser mineira, como é viver longe das montanhas que conheço e amo, como é não querer voltar, mas morrer de vontade de estar nelas... todos os dias.

Na verdade, acho que deve ser o fato de ter nascido nas montanhas mais lindas do mundo que conseguem carregar as quatro estações num único dia, que me dá esse sentimento incontido que transborda do coração e enche a alma com vontade de lutar mais e melhor a cada amanhecer.
Deve ser porque aqui do alto de um morro vejo o mar bem longe, como uma linha azul marinho que se mistura com o meu tão conhecido azul celeste rabiscado de manchas brancas densas e leves ao mesmo tempo dos céus que me guardam os pensamentos. Daqui do alto eles parecem se fundir no horizonte, talvez um Belo Horizonte, lugar para o qual não quero mais voltar porque foi lá, vendo uma lua numa madrugada fria que senti, de verdade, o que era estar sozinha no meio de milhões de pessoas e possibilidades. Eram quatro da manhã, outono, devia ser maio ou junho e tive vontade de escrever.
Troco qualquer horizonte belo, por mais planejado que seja pela confusão de meio-dia ou das seis da tarde que carrega esse bandeirinha, esse Juiz de Fora, que sempre participa do jogo, do meu jogo da vida.
Foi nascer nessas montanhas que  me fez sentir rio, ou o Rio, que nasce no alto e que deságua no mar. Cabeça de lua, de sol, que girassol!, e que não pensa em voltar, até o dia que volta, que sobe a serra, que vê o entorno e se entende parte dessa maravilha, e deseja voltar mais e mais, num movimento indeciso como o das ondas do mar: que sempre vai e volta por não saber se quer ir e ficar ou ir e vir sempre, coisa de quem carrega a insatisfação no coração, ou seria isso uma grande satisfação? (a de manter-se satisfeita só quando se está no caminho) 
Ir e vir é magia, é descobrir caminho, é se feliz na chegada, mesmo passando pelo aperto da despedida, porque entendo bem que a chegada é sempre partida de um lugar. Sei que dói partir, sei a alegria de chegar, sei bem o que é o medo de ir embora, a vontade de segurar uma mão ou de ter uma que me segure...
Acho que ter nascido nessas montanhas é o fato que me traz uma vontade danada de mudar o mundo só para ve-las melhor, mas que ao mesmo tempo dá aquela pontinha de desânimo porque  o mundo parece não querer ser mudado, mas aí eu desperto da apatia, passo a sonhar acordada e visto a camisa com a minha bandeira, marcada com o mesmo vermelho que trago nos cabelos, respiro fundo e luto mais uma vez, se não pelo bem maior que busco nessas manhãs, pelo meu próprio bem, que seja! Pois há quem se alegre com a minha própria alegria, há quem se sinta leve com a minha própria leveza.
Ser mineiro é ter um sotaque bunitim, que não se encontra em qualquer canto. É economizar palavras, mas nunca sentimento. É saber derreter qualquer um com um sorriso de canto de boca, conhecer os causos do matuto e saber, mais que ninguém, ganhar esse mundo!


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